03/07/2009

Fábula dos Três Potes


Em uma época perdida, onde os calendários ainda ansiavam por existir, três homens caminhavam juntos em busca de água. A nascente, ainda mais antiga que nossa história, saciou por gerações as muitas sedes do povo.

Os três homens caminharam. Lá chegando avistaram três potes postos à beira da fonte, parecendo esperá-los. Aproximaram-se curiosos e logo perceberam que em cada um havia uma escritura. No primeiro, lia-se: “Sabedoria”; no segundo: “Fortuna”; e no último, colocado bem ao centro, lia-se: “Dor”.

Aproximando-se, dois deles se apressaram em apanhar cada qual o que mais lhe convinha. O primeiro lançou mão sobre a Fortuna, o outro à Sabedoria, e ao último, menos hábil, restou o pote da Dor.
No momento em que o terceiro tocou seu vaso uma figura mitológica surgiu sobre as águas.
(Impossível seria descrevê-la, mesmo os três não o conseguiriam, uma vez que cada um viu o que viu. E nós, por vez, vemos o que imaginamos).

Com voz suave ou de trovão, lhes disse a tal aparição:
– Cada um dos três vasos possui um poder especial. O da Sabedoria sempre estará cheio até a borda de águas claras. Ao beber, seu portador poderá saciar a sede, tanto do corpo quanto do espírito, enchendo-se de saber. O pote da Fortuna, de igual modo, estará cheio de moedas de ouro, esperando pela vontade ou necessidade de se gastar. O da dor, pelo contrário, permanecerá vazio, enchendo-se da dor de seu portador ou da de quem deste se aproximar. Desta forma, ao primeiro, nunca faltará saber; ao segundo a Fortuna e ao último sempre se fartará de felicidade, uma vez que toda dor, angústia, tristeza ou mal, será recolhido por esse vaso.

Os três homens, maravilhados, se encheram de júbilo e sorriram-se, felizes pelo presente que os deuses lhes concediam.

A aparição continuou, em tom ainda mais grave:

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AUTOR: Sávio Damatomato

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