24/10/2010

O tempo pode acabar?

Sim. E não. O tempo acabar parece ser impossível e inevitável. Trabalho recente em física sugere uma resolução para este paradoxo.




por George Musser
EM NOSSA EXPERIÊNCIA DIÁRIA, nada termina realmente. Quando morremos, nossos corpos definham e o material retorna à terra e à atmosfera, permitindo a criação de novas fontes de vida. Vivemos no que vem depois. Mas este será sempre o caso? Poderia haver um tempo futuro quando não haverá “depois”? Depressivamente, a física moderna sugere que a resposta pode ser positiva. O tempo pode acabar. Toda atividade cessaria e não haveria renovação ou recuperação. O fim do tempo seria o fim dos fins. 


Essa possibilidade foi uma predição inesperada da teoria da relatividade geral de Einstein, o nosso entendimento moderno da gravitação. Antes dessa teoria, a maioria dos físicos e filósofos pensava que o tempo fosse universal, um ritmo estacionário no qual o Universo marchava, sem nunca variar, fraquejar ou parar. Einstein mostrou que o Universo é mais como uma grande festa polirrítmica. O tempo pode desacelerar, distender ou se rasgar. Quando sentimos a força da gravidade, estamos sentindo a improvisação rítmica do tempo; objetos em queda são dragados para lugares onde o tempo passa mais lentamente. O tempo não só afeta o que a matéria faz, mas também responde ao que a matéria está fazendo, como bateristas e dançarinos que atiçam uns aos outros em um frenesi rítmico. Quando as coisas fi carem fora do controle, o tempo pode evaporar-se em fumaça, como um baterista superexcitado que entra espontaneamente em combustão.

Os momentos em que isso acontece são conhecidos como singularidades. O termo se refere a qualquer fronteira no tempo, seja ela o início ou o fi m. A singularidade mais conhecida é o Big Bang, o instante 13,7 bilhões de anos atrás quando o Universo – e, com ele, o tempo – veio à existência e começou a se expandir. Se o Universo um dia parar de se expandir e começar a se contrair, isso será como um Big Bang ao contrário – o Big Crunch – e o levará a uma paralisia. O tempo não precisa sucumbir em todos os lugares. A relatividade diz que ele expira dentro de buracos negros, enquanto fl ui no Universo como um todo. Buracos negros têm uma merecida reputação para a destruição, mas ela é ainda pior do que poderíamos pensar. Se mergulhar em um desses devoradores, você não apenas seria rasgado em pedaços, mas seus restos atingiriam, por fim, a singularidade no centro do buraco negro, e a sua linha do tempo terminaria. Nenhuma nova vida emergiria de suas cinzas; suas moléculas não seriam recicladas. Como um personagem que chega à última página de um romance, você não sofreria uma mera morte, mas um apocalipse existencial. 

Demorou décadas para os físicos aceitarem que a relatividade prevê algo tão incômodo como morte sem renascimento. Até hoje, eles não sabem ao certo como lidar com isso. Singularidades são, possivelmente, a razão principal pela qual os físicos procuram criar uma teoria unifi cada da física, que uniria a ideia de Einstein com a mecânica quântica, de modo a criar uma teoria quântica da gravidade. Eles fazem isso, em parte, para tentar explicar defi nitivamente as singularidades. Mas é preciso ter cuidado com o que se deseja. O fi m do tempo é difícil de imaginar, mas o tempo sem um fi m pode ser igualmente paradoxal.

23/10/2010

COMO CONSTRUIR UM UNIVERSO


Por mais que você se esforce, jamais conseguirá captar quão minúsculo, quão espacialmente modesto é um próton.

Um próton é uma parte infinitesimal de um átomo, que por sua vez é uma coisa insubstancial. Os prótons são tão pequenos que um tiquinho de tinta, como o pingo neste i, pode conter algo em torno de 500 bilhões deles, mais do que o número de segundos contidos em meio milhão de anos. Portanto, os prótons são exageradamente microscópicos, para dizer o mínimo.

Agora imagine que você possa (claro que isto é pura imaginação) encolher um desses prótons até um bilionésimo de seu tamanho normal, num espaço tão pequeno que, em comparação, um próton pareceria enorme. Agora compacte nesse espaço minúsculo uns trinta gramas de matéria. Ótimo. Você está pronto para iniciar um universo.
Estou pressupondo que você deseja construir um universo inflacionário. Se você prefere construir um universo mais convencional, do tipo big-bang comum, precisará de materiais adicionais. Na verdade, terá que reunir tudo que existe - cada partícula de matéria daqui até o limite do universo - e comprimir num ponto tão infinitesimalmente compacto que não terá nenhuma dimensão. Trata-se de uma singularidade.

Em ambos os casos, prepare-se para um verdadeiro big-bang. Naturalmente, você vai querer se retirar para um local seguro a fim de contemplar o espetáculo. Infelizmente, não há local para onde se retirar, porque fora da singularidade não existe local. Quando o universo começar a se expandir, não estará se espalhando para preencher um vazio maior. O único espaço que existe é o espaço que ele cria ao se expandir.
É natural, mas errado, visualizar a singularidade como uma espécie de ponto grávido solto num vácuo escuro e ilimitado. Não há espaço, nem escuridão. A singularidade não tem nada ao seu redor. Não há espaço para ela ocupar, nem lugar para ela estar. Nem sequer podemos perguntar há quanto tempo ela está ali - se acabou de surgir, como uma boa idéia, ou se estava ali eternamente, aguardando com calma o momento certo. O tempo não existe. Não há passado do qual ela possa emergir.

E assim, do nada, o nosso universo começa.

Numa única pulsação ofuscante, um momento de glória por demais rápido e expansivo para ser descrito em palavras, a singularidade assume dimensões celestiais, um espaço inconcebível. No primeiro segundo dinâmico (um segundo ao qual muitos cosmologistas dedicarão suas carreiras tentando descrevê-lo em detalhes crescentes) são produzidas a gravidade e as outras forças que governam a física. Em menos de um minuto, o universo possui 1,6 milhão de bilhões de quilômetros de diâmetro e cresce a grande velocidade. Existe muito calor agora, 10 bilhões de graus, o suficiente para iniciar as reações nucleares que criam os elementos mais leves - principalmente hidrogênio e hélio, com uma pitada (cerca de um átomo em 100 milhões) de lítio. Em três minutos, 98% de toda a matéria existente ou que virá a existir foi produzida. Temos um universo. É um lugar da mais espantosa e gratificante possibilidade, e bonito também. E foi tudo produzido mais ou menos no tempo que se leva para preparar um sanduíche.

Quando ocorreu esse momento é objeto de discussão. Os cosmologistas há bastante tempo vêm discutindo se o momento da criação foi há 10 bilhões de anos, duas vezes essa cifra, ou um valor intermediário. O consenso parece estar se formando em torno de uns 13,7 bilhões de anos, mas essas coisas são notoriamente difíceis de medir [...]. Tudo que se pode realmente dizer é que, em certo ponto indeterminado num passado bem remoto, por razões desconhecidas, surgiu o momento conhecido na ciência como t = 0. Estávamos a caminho [...]

O que é extraordinário do nosso ponto de vista é quão bem isso tudo resultou para nós. Se o universo tivesse se formado só um pouquinho diferente – se a gravidade fosse uma fração mais forte ou mais fraca, se a expansão tivesse prosseguido um pouquinho mais lenta ou mais rápida – talvez nunca houvesse elementos estáveis para constituir você, eu e o chão que pisamos. Se a gravidade fosse mais fraca, nada teria se aglutinado. O universo teria permanecido para sempre um vazio sombrio e disperso.

Esse é um dos motivos pelos quais alguns especialistas acreditam que possa ter havido muitos outros Big-bangs, talvez trilhões e trilhões deles, espalhados pela imensa extensão da eternidade, e que existimos neste Big-bang específico porque ele é um daqueles em que pudemos existir. Como disse certa vez Edward P. Tryon, da universidade Columbia: “Em resposta à pergunta sobre por que aquilo aconteceu, propondo modestamente que o nosso universo é apenas uma dessas coisas que acontecem de tempo em tempo”. Ao que acrescenta Guth: “Conquanto a criação de um universo possa ser bem improvável, Tryon enfatiza que ninguém ainda contou as tentativas fracassadas”.

Martin Rees, astrônomo real britânico, acredita que haja muitos universos em combinações diferentes, e que nós simplesmente vivemos em um que combina as coisas da forma que nos permite existir. Ele faz uma analogia com uma enorme loja de roupas:

“Se houver um grande sortimento de roupas, uma pessoa não se surpreenderá se encontrar um terno que lhe sirva. Se houver muitos universos, cada um conjunto diferente de números, num deles existirá um conjunto particular de números adequado à vida. Estamos exatamente nele.

BRRYSON, Bill.Breve história de quase tudo. Trad. De Ivo Korytowski. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.p.21-22 e27. (Fragmento).

20/10/2010

Cientista mostra como funcionam as ilusões de óptica

Um cientista americano afirma que, ao tentar decifrar como as ilusões de ópticas "enganam" nossas mentes, é possível revelar detalhes sobre o funcionamento do cérebro humano.
Professor de neurociência da University College de Londres, Beau Lotto diz que têm sido crucial para a evolução humana o órgão e sua capacidade de processar constantemente as informações que recebe do mundo que nos cerca.
Lotto apresentou imagens que ajudam a entender melhor essa capacidade, começando com a importância de se enxergar em cores. Acompanhe a apresentação do cientista:
SELVA

R. Beau Lotto /BBC
A imagem mostra uma versão em preto e branco de uma cena em uma selva. Nesta versão da cena, é mais difícil encontrar o grande predador, uma pantera que parece estar prestes a atacar.
Isto ocorre pela razão de o observador enxergar apenas as superfícies de acordo com a quantidade de luz que elas refletem.
A segunda imagem, da mesma cena, está com todas as cores. E, desta vez, o observador poderá ver o animal imediatamente (no canto inferior direito).
A razão disto é que a imagem em cores mostra as superfícies de acordo com a qualidade da luz que elas refletem (e não apenas a intensidade). Com isso, o cérebro recebe muito mais informações.
A cor nos torna capazes de ver um número maior de semelhanças e diferenças entre os objetos, o que é necessário para a sobrevivência.
Encontrar a pantera na imagem colorida é incrivelmente fácil para os humanos. Mas, os melhores computadores não conseguem fazer isto.
Compreender como vemos é um dos principais objetivos da neurociência. E ilusões de ótica tem a chave para resposta a esta questão.
BRILHO
R. Beau Lotto/BBC
A próxima imagem são de dois quadrados fisicamente idênticos.
O neurocientista explica que humanos nunca enxergam com os olhos. Isto se deve ao fato de os olhos terem pouco a ver com que nós vemos.
Por exemplo, a imagem formada no fundo dos olhos (chamada imagem da retina), tem apenas duas dimensões, enquanto que o mundo tem três. A imagem da retina está de cabeça para baixo, mas enxergamos o mundo do jeito certo.
A pergunta do neurocientista é o que acontece se mudarmos o contexto que cerca os quadrados, mas não mudarmos os próprios quadrados.
Os dois quadrados idênticos vão parecer diferentes.
A única mudança é o fundo, mais escuro ou mais claro. O quadrado pequeno no fundo escuro parece mais claro que o quadrado no fundo claro.
Esta é a "ilusão de brilho e contraste", que prova que o contexto é muito importante quando falamos do que vemos.
MESA E FLOR
R. Beau Lotto/BBC
Neste exemplo temos duas versões menores de uma ilusão idêntica à anterior, de brilho e contraste. Uma à direita e outra à esquerda.
Nos dois casos, os ladrilhos nos fundos escuros parecem mais claros do que os que foram colocados nos fundos mais claros. Mas, na segunda foto, a cena muda.
A ilusão na esquerda é muito mais forte. O ladrilho que está na sombra debaixo da mesa parece muito mais brilhante, pois o cérebro pensa que está na sombra. O ladrilho à direita parece que está debaixo de uma luz brilhante, então o cérebro presume que é mais escuro e nos diz isto.
Por outro lado, a ilusão à direita agora ficou muito mais fraca. Os dois ladrilhos, um na faixa negra e outro em uma faixa clara, parecem quase idênticos, pois o cérebro está interpretando os dois como dois ladrilhos de reflexão semelhante, debaixo de uma mesma fonte de luz.
Isto mostra que vemos ilusões pelo fato de o cérebro não querer simplesmente ver a imagem, mas querer ver o significado da imagem, encontrando o significado desta imagem acima no contexto da mesa e da luz da janela.
CUBO

R. Beau Lotto/BBC
Neste caso, temos dois quadrados com cores idênticas. Mas, o contexto foi mudado de uma forma específica.
No novo contexto, os dois quadrados fisicamente idênticos parecem muito diferentes.
A informação na imagem sugere que o quadrado marrom escuro no topo do cubo mostrado na segunda imagem agora é uma superfície com pouca reflexão debaixo da luz brilhante, enquanto que o quadrado laranja brilhante, do lado, se transformou em uma superfície muito refletiva na sombra.
Os dois são vistos de formas diferentes pois o cérebro pensa que eles tem um significado diferente, devido ao resto da informação da cena.
MESA
R. Beau Lotto/BBC
O que se aplica na visão da cor, também se aplica na visão da forma. Na verdade, é aplicável a quase tudo o que é visto.
Quando olhamos para esta imagem, percebemos duas mesas de tamanhos diferentes.
A mesa da esquerda parece bem mais longa e estreita do que a mesa da direita. Mas, na verdade, as dimensões das duas mesas são idênticas.
A única diferença real entre as mesas são os ângulos em seus cantos (além de suas cores, o que é irrelevante para este caso).
Clicando na segunda foto, podemos ver que as duas linhas vermelhas e verdes são do mesmo comprimento. O comprimento da mesa vermelha é o mesmo que a largura da mesa verde e vice-versa.
Então, por que as duas mesas parecerem tão diferentes? Porque o cérebro tira a imagem da retina e cria o que vê de acordo com o que a informação significa em comparação com as experiências passadas do cérebro, de interação com o mundo.
Neste caso, os ângulos sugerem profundidade e perspectiva e o cérebro acredita que a mesa verde é mais longa do que é, enquanto que a mesa vermelha parece mais quadrada.

14/10/2010

Cientista cria máquina que permite experimentar 'comida virtual '


'MetaCookie+' cria pelo computador nova cor e sabor aos alimentos.
Objetivo do aparelho é permitir que as pessoas provem comidas diferentes.


Estudante japonês testa máquina que muda cor e o sabor dos alimentos virtualmente. Chamada de 'MetaCookie+', ela foi criada pelo professor Michitaka Hirose. Quando o usuário come um biscoito, o aparelho capta a imagem e muda a cor do alimento e o cheiro, dando a sensação de que o usuário está ingerindo um biscoito de outro sabor. O objetivo da invenção é permitir que as pessoas possam provar diferentes sabores dos alimentos sem a necessidade de tê-los em casa. (Foto: Yoshikazu Tsuno/AFP)FONTE: http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2010/10/cientista-cria-maquina-que-permite-experimentar-comida-virtual.html

13/10/2010

Para Marilena Chauí, segundo turno não pode se tornar ‘plebiscito sobre aborto’


Trago para vocês um artigo bem interessante, sobre a temática do aborto, que encontrei na revista Carta Capital. Merece nossa atenção e reflexão!


Por Guilherme Amorim*
A filósofa Marilena Chauí fez palestra na última sexta-feira (8), ao lado de intelectuais e membros do corpo docente da Faculdade de Direito do Largo São Francisco (FDUSP), em um ato organizado para defender a candidatura da governista para a Presidência da República. Ela afirmou que o monopólio da imprensa no Brasil transforma a mídia em um agente antidemocrático e que a disputa não pode se tornar em um plebiscito sobre o aborto, baseado em boatos.
A maioria dos participantes usou seu espaço de discurso para, além de diferenciar os projetos de governo dos candidatos, fazer críticas ao comportamento da imprensa.
Marilena Chauí defendeu que lideranças de esquerda e do PT deixem de atender jornalistas da imprensa convencional, em uma espécie de boicote a pedidos de entrevista. “Para defender a liberdade de expressão é preciso não falar com a mídia”, propõe Marilena Chauí. Ela acredita que a mídia dá espaço para figuras do partido e de movimentos sociais apenas para “parecer plural”, mas promovendo um “controle de opinião” sobre o que é publicado.
A professora aludiu ao caso da dispensa da colunista Maria Rita Kehl pelo jornal O Estado de S. Paulo. “A democracia não é simplesmente um regime da lei e da ordem”, explicou, defendendo que é necessário haver diversidade de opinião na mídia. A professora esclareceu que não se pode permitir que três ou quatro famílias mantenedoras dos meios de comunicação pautem a agenda política do Brasil.
“Temos que impedir que o segundo turno das eleições se torne um plebiscito nacional sobre o aborto”, definiu. Para ela, a cada semana é definida uma nova temática para o debate político – se referindo às discussões eleitorais levantadas recentemente, como a da liberdade de imprensa e a da religião.
O ato abordou questões referentes ao segundo turno das eleições. Sobre a definição do apoio do PV a José Serra (PSDB) ou Dilma Rousseff (PT), o professor de Direito do Trabalho da Faculdade de Direito Otávio Pinto e Silva ironizou. “Serra não precisa do PV, ele já tem o ‘PVeja’”, disse, em alusão à revista semanal da Editora Abril. Recentemente, Reinaldo Azevedo, colunista da Veja, assumiu a posição para a imprensa como partido de oposição no país. Para o professor, a mídia jogou a favor do candidato tucano nesta campanha.
A necessidade de garantir espaço para a diversidade de opiniões foi defendido também pelo deputado federal reeleito pelo PT de São Paulo Paulo Teixeira: “Defendemos uma democracia com liberdade de imprensa e liberdade de opinião; nós queremos diversidade de opinião na imprensa brasileira”. Para o ele, o governo nunca quis censurar a imprensa. “Isso nunca esteve no nosso horizonte”, afirmou.
*Matéria originalmente publicada na Rede Brasil Atual

03/10/2010

Aprofundamento da Democracia - Veja o vídeo e dê sua opinião!


Contribuição para o portal G1
Afinal, por que não instalar em Brasília um placar, onde o povo pudesse votar via internet em cada matéria que está sendo discutida no congresso. Embora esses votos não tenham valor real, mostrarão a posição da parcela do povo interessada em se manifestar sobre a matéria em questão.