19/01/2010

tempo_595_700O ano de 2010 chegou como uma surpresa para muita gente. Quer dizer que os anos 90 já passaram? Uma década. Mesmo?
Pois é, passou rápido, como se tivéssemos adiantado o filme da vida. Esse sentimento é, em geral, mais forte em dezembro e janeiro. É aí que percebemos que não conseguimos realizar alguns de nossos objetivos para o ano novo, os velhos hábitos continuam, aquela prometida viagem não aconteceu. A academia, aqueles livros, ficaram para o próximo ano.
A sensação do tempo passando é relativa. Depende de uma série de variáveis, incluindo como você lida com a situação. A verdade é que a ciência ainda não tem uma resposta conclusiva sobre como isso ocorre em nosso cérebro. Uma teoria sugere que existam algumas células nervosas especializadas em contar intervalos de tempo. Outra sugere que existe uma série de redes neuronais responsáveis por processos fisiológicos que agiriam como um relógio interno.
De qualquer forma, ambas as teorias concordam que o cérebro não consegue calibrar corretamente eventos que acontecem em intervalos de tempo distantes entre si. Dados experimentais sugerem que o cérebro interpreta o tempo passando mais rapidamente caso você esteja envolvido em uma tarefa desafiadora, que requer mais de você. Estimulantes, como a cafeína, tendem a induzir a sensação de que o tempo passa mais rápido. Por outro lado, trabalhos complexos, mas enfadonhos, causam a sensação de que o tempo se arrasta lentamente.
Além disso, eventos emocionais, como a morte de um parente querido, parecem mais recentes do que realmente são. Às vezes, nosso cérebro erra por meses, ou até anos. Segundo o filósofo Martin Heidegger, o tempo persiste meramente como uma consequência de diversos eventos. Parece óbvio, mas a ciência tem mostrado que o inverso também é verdadeiro: se poucos eventos vêem à mente, então a percepção do tempo não persiste. Ou seja, o cérebro subestima a passagem do tempo.
Experimentos feitos com estudantes universitários testaram a habilidade do cérebro de estimar quando um determinado evento havia realmente ocorrido. Foram usados exemplos populares do noticiário da TV americana, como a morte de um artista famoso ou a renúncia de um político. Em média, os estudantes subestimaram por três meses quanto tempo havia passado desde o episódio real.
Esses dados não foram vistos como uma total surpresa. Num exemplo clássico, o explorador Frances Michel Siffre viveu durante 2 meses dentro de uma caverna, isolado do exterior e sem dicas de passagem do tempo, como algum resquício da luz do dia. Ao final do período, estava convencido de que havia ficado apenas 25 dias. Sem evidências externas, o cérebro tende a condensar o tempo.
Interessante notar que a forma pela qual o cérebro fixa o tempo relativo dos eventos é por meio da memória. Assim, quanto mais memórias os estudantes do estudo acima tinham sobre determinado evento, menos precisa ficava a estimativa do cérebro. É mesmo contraintuitivo: quando mais memórias associadas sobre um determinado evento, mais longe parece estar o evento original.
Se esse mecanismo é conservado entre as espécies, é possível que alguns animais não sintam a passagem do tempo como nós, pois não têm o mesmo tipo de memória de longo prazo. Ou seja, não têm consciência temporal. Para um peixe-dourado, cuja memória dura alguns segundos, o tempo não passa, só existe presente.
Essa mesma dinâmica pode explicar por que parece que os filhos dos outros envelhecem mais rapidamente do que os nossos. Ora, os pais acompanham cada resfriado, prova de escola e birra dos próprios filhos, unindo uma série de memórias ou estímulos contínuos. Com os filhos dos outros, o número de eventos associados a eles é reduzido.
Isso explica a sensação de aceleramento do tempo em janeiro. Resoluções do ano passado que foram esquecidas representam apenas um único estímulo de memória. Ao contrário, as resoluções que saíram do papel e realmente entraram em prática serviram como estímulos independentes, desacelerando o tempo. Enfim, se essa década de 90 passou rápido para você, talvez esteja na hora de parar de sonhar e concretizar novos desafios.

FONTE: http://colunas.g1.com.br/espiral/

17/01/2010

Luís Fernando Veríssimo

Acho a maior graça. Tomate previne isso,cebola previne aquilo, chocolate faz bem, chocolate faz mal, um cálice diário de vinho não tem problema, qualquer gole de álcool é nocivo, tome água em abundância, mas não exagere...

Diante desta profusão de descobertas, acho mais seguro não mudar de hábitos.

Sei direitinho o que faz bem e o que faz mal pra minha saúde.

Prazer faz muito bem.
Dormir me deixa 0 km.
Ler um bom livro faz-me sentir novo em folha.
Viajar me deixa tenso antes de embarcar, mas depois rejuvenesço uns cinco anos.
Viagens aéreas não me incham as pernas; incham-me o cérebro, volto cheio de idéias.
Brigar me provoca arritmia cardíaca.
Ver pessoas tendo acessos de estupidez me
embrulha o estômago.
Testemunhar gente jogando lata de cerveja pela janela do carro me faz perder toda a fé no ser humano.
E telejornais... os médicos deveriam proibir - como doem!
Caminhar faz bem, dançar faz bem, ficar em silêncio quando uma discussão está pegando fogo,
faz muito bem! Você exercita o autocontrole e ainda acorda no outro dia sem se sentir arrependido de nada.
Acordar de manhã arrependido do que disse ou do que fez ontem à noite é prejudicial à saúde!
E passar o resto do dia sem coragem para pedir
desculpas, pior ainda!
Não pedir perdão pelas nossas mancadas dá câncer, não há tomate ou mussarela que previna.
Ir ao cinema, conseguir um lugar central nas fileiras do fundo, não ter ninguém atrapalhando sua visão, nenhum celular tocando e o filme ser espetacular, uau!
Cinema é melhor pra saúde do que pipoca!
Conversa é melhor do que piada.
Exercício é melhor do que cirurgia.
Humor é melhor do que rancor.
Amigos são melhores do que gente influente.
Economia é melhor do que dívida.
Pergunta é melhor do que dúvida.
Sonhar é melhor do que nada!

10/01/2010

Isto seria um protesto civilizado:???


Manifestantes soltam balões na Praça de São Pedro, no Vaticano, para protestar contra o premiê da Itália, Silvio Berlusconi (14h43)http://www1.folha.uol.com.br/folha/galeria








08/01/2010

Astrônomos dizem que planetas habitáveis devem ser encontrados em até 5 anos



Concepção artística de como poderia ser um planeta habitável como a Terra, que pode ser encontrado em 5 anos da Associated Press, em Washington
Astrônomos dizem que estão prestes a encontrar planetas como a Terra orbitando outros estrelas, um passo-chave para determinar se nós estamos sozinhos no Universo.
Um importante oficial da Nasa (agência espacial norte-americana) e outros importantes cientistas dizem que, dentro de quatro ou cinco anos, eles devem descobrir o primeiro planeta similar à Terra onde a vida poderia se desenvolver, ou já se desenvolveu.


Um planeta com o tamanho próximo ao da Terra pode até mesmo ser encontrado neste ano se vestígios preliminares de um novo telescópio espacial se confirmarem.
Na conferência anual da Sociedade Astronômica Norte-Americana, que acontece nesta semana, cada descoberta envolvendo os assim chamados "exoplanetas", aqueles planetas de fora do nosso Sistema Solar, apontam para a mesma conclusão: planetas como a Terra, em que a vida pode se desenvolver, são provavelmente abundantes, apesar do violento Universo de estrelas explosivas, buracos negros esmagadores e galáxias em colisão.
Kepler, o novo telescópio da Nasa, e uma riqueza de novas pesquisas no repentinamente quente e competitivo campo dos exoplanetas gerou discussões notáveis na conferência.

AP/Nasa

Concepção artística de como poderia ser um planeta habitável como a Terra, que pode ser encontrado em 5 anos


Sozinhos?
Cientistas falam sobre estar em um "ponto especialmente incrível na História", próximos de responder uma questão que perseguiu a humanidade desde o início da civilização.
"A pergunta fundamental é: Nós estamos sozinhos? Pela primeira vez, há otimismo de que, em algum momento de nosso tempo de vida, vamos conseguir responder esta questão." É o que diz Simon "Pete" Worden, astrônomo que lidera o Centro de Pesquisas Ames da Nasa. "Se eu fosse de apostar, e eu sou, apostaria que nós não estamos sozinhos, que há muita vida [pelo Universo]", completa ele.
Até mesmo a Igreja Católica organizou conferências científicas sobre a possibilidade de vida extraterrestre, incluindo um encontro em novembro passado. "Estas são grandes questões que refletem sobre o significado da raça humana no Universo", disse o diretor do Observatório do Vaticano, o reverendo Jose Funes, durante a conferência desta semana.
Worden disse à Associated Press: "Eu certamente esperaria que, nos próximos quatro ou cinco anos, encontremos um planeta do tamanho da Terra em uma zona habitável."


Caça-planetas
AP/Nasa
Concepção artística fornecida pela Nasa mostra o telescópio espacial Kepler
Concepção artística fornecida pela Nasa mostra o telescópio espacial Kepler
O centro de pesquisas do cientista é responsável pelo telescópio Kepler, que está fazendo um intenso censo planetário de uma pequena parte da galáxia. Diferentemente do telescópio espacial Hubble, que é um instrumento genérico, o Kepler é especializado em busca de planetas.
Seu único instrumento é um sensor que verifica a luminosidade de mais de 100 mil estrelas ao mesmo tempo, atento a qualquer coisa que bloqueie essa luz. Isso frequentemente significa um planeta passando em frente à estrela.
Qualquer planeta que pudesse suportar vida seria quase com certeza rochoso, ao invés de gasoso. E precisa estar no local certo. Planetas muito próximos de uma estrela será muito quentes também, e aqueles muito distantes são muito frios. "Em cada lugar que procuramos, encontramos um planeta", diz Scott Gaudi, astrônomo da Universidade de Empire State. "Eles aparecem em todo tipo de ambiente, todo tipo de lugar."
Os pesquisadores estão encontrando exoplanetas em uma velocidade muito grande. Nos anos de 1990, eles encontravam cerca de um par de novos planetas por ano. Mas por quase toda a última década, já se chegou a um par desses planetas por mês. E neste ano, os planetas estão sendo encontrados em uma base diária, graças ao telescópio Kepler.
O número de exoplanetas descobertos já passou bem dos 400. Mas nenhum deles tem os componentes certos para a vida. Isso está para mudar, dizem os especialistas. "Com o Kepler, nós temos fortes indicações de planetas menores em grande quantidade, mas eles ainda não foram verificados", diz Geoff Marcy, da Universidade da Califórnia, em Berkeley. Ele é um dos "pais" da área de estudos para a caça a planetas e um cientista do telescópio Kepler.
No entanto, há uma grande dificuldade. A maioria dos primeiros candidatos a exoplanetas encontrados pelo telescópio Kepler estão agora sendo identificados como outra coisa. Ao invés de planetas, por exemplo, percebeu-se, que eram na verdade uma estrela cruzando o ponto de vista do telescópio, diz Bill Borucki, um dos mais importantes cientistas do Kepler.
Alvos
AP/Nasa
Imagem do telescópio Kepler mostra espaço em que se buscam planetas similares à Terra
Imagem do telescópio Kepler mostra espaço em que se buscam planetas similares à Terra
O Kepler se concentra em uma região equivalente a por volta de 0,25% do céu noturno, explorando mais de 100 mil estrelas. Suas distâncias vão de algumas centenas a milhares de anos-luz de distância. Assim, esses planetas são muito distantes para se chegar em viagens, e não podem ser vistos diretamente como os planetas de nosso Sistema Solar.
Se houver um objeto como a Terra na área em que o Kepler está investigando, o telescópio vai encontrá-lo, diz Marcy. Mas pode levar três anos para confirmar a trajetória orbital do planeta.
O que o Kepler confirmou por enquanto continua apontando para a ideia de que há muitas outras "Terras". Antes do Kepler, esses corpos eram muito pequenos para serem vistos.
Borucki, nesta semana, anunciou a descoberta de cinco novos exoplanetas, todos encontrados nas primeiras seis semanas de busca. Mas todos eles são muito grandes e no lugar errado para serem como a Terra.
Quando o telescópio Kepler olhou para as 43 mil estrelas que são quase do mesmo tamanho de nosso Sol, os cientistas descobriram que praticamente dois terços delas parecem ser tão "amigáveis e não-violentas" para a vida que essa nossa mais próxima estrela.
ESO/AP
Corot-7b, em concepção artística; 1º planeta rochoso extrassolar encontrado, ele é muito quente, pela proximidade com sua estrela
Corot-7b, em concepção artística; 1º planeta rochoso extrassolar encontrado, ele é muito quente, pela proximidade com sua estrela
Marcy, que nesta semana anunciou encontrar um planeta quatro vezes maior que a Terra, não gosta de especular quantas estrelas possuem planetas como o nosso. Mas, quando pressionado, ele disse, nesta quinta-feira: "70% de todas as estrelas possuem planetas rochosos".
Assim, ele compara: "se você estivesse numa cozinha tentando preparar um planeta habitável, nós já sabemos que, no cosmos, todos os ingredientes estão aí".
Enquanto astrônomos na conferência estão empolgados sobre exoplanetas, Marcy é mais cético, como Jill Tarter, diretor do Instituto Seti, que busca vida inteligente monitorando transmissões eletromagnéticas.
Estes dizem que ainda há a chance de que as buscas não deem em nada, e que a formação de planetas do tamanho da terra seja muito difícil.


FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u676607.shtml

02/01/2010

Pesquisas mostram que plantas reagem aos perigos externos

Sensibilidade ao ambiente inclui sinais químicos de pedido de socorro.
'Elas reagem a dicas táteis e escutam sinais químicos', diz pesquisadora.




Parei de comer carne de porco há cerca de oito anos. Alguns anos depois, parei de comer qualquer carne de mamíferos. No entanto, ainda como peixe e aves, e derramo gemada em meu café. Minhas decisões alimentares são arbitrárias e inconsistentes.

Quando amigos me perguntam por que estou disposta a abandonar o pato, mas não o carneiro, não tenho uma boa resposta. Escolhas alimentares são muitas vezes assim: difíceis de articular, mas vigorosamente mantidas. Ultimamente, discussões sobre escolhas de alimentos têm reluzido com especial veemência.

Em seu novo livro, "Eating Animals," o romancista Jonathan Safran Foer descreve sua transformação gradual de onívoro, um distraído preguiçoso que "passeava entre um número de dietas", para um "vegetariano comprometido".

  • Aspas As plantas reagem a dicas táteis, reconhecem diferentes comprimentos de onda de luz, escutam sinais químicos, elas podem até mesmo falar através de sinais químicos. "
No mês passado, Gary Steiner, filósofo da Universidade Bucknell, argumentou no "New York Times" que as pessoas deveriam lutar para serem "vegetarianos rigorosamente éticos" como ele próprio, evitando qualquer produto derivado de animais, incluindo lã e seda. Matar animais por comidas e roupas humanas é nada menos que um "absoluto assassinato", disse ele.

Porém, antes de cedermos toda a cobertura moral a "vegetarianos comprometidos" e "vegetarianos de forte ética", podemos considerar que as plantas não aspiram ser cozidas numa panela mais do que um porco quer virar comida de Natal. Isto não pretende ser um argumento banal ou uma piadinha. As plantas são seres vivos e planejam continuar dessa forma.

Sensibilidade aguçada
Quanto mais os cientistas aprendem sobre a complexidade das plantas – sua aguçada sensibilidade ao ambiente, a velocidade com que reagem a mudanças no ambiente e o extraordinário número de truques que elas empregam para combater atacantes e solicitar ajuda de longe –, mais impressionados eles ficam.

Quando biólogos de plantas falam de seus assuntos, usam verbos ativos e imagens vívidas. As plantas "buscam" recursos como luz e nutrientes do solo, e "preveem" momentos ruins e oportunidades.

Ao analisar a proporção de luz vermelha e luz vermelha distante caindo em suas folhas, por exemplo, elas podem pressentir a presença de outros concorrentes clorofilados por perto, e tentar crescer para outro lado. Suas raízes percorrem a "rizosfera" subterrânea e empregam trocas interculturais e microbiais.


As plantas não aspiram ser cozidas numa panela mais do que um porco quer virar comida de Natal

"As plantas não são estáticas ou tolas", disse Monika Hilker, do Instituto de Biologia da Universidade Livre de Berlim. "Elas reagem a dicas táteis, reconhecem diferentes comprimentos de onda de luz, escutam sinais químicos, elas podem até mesmo falar" através de sinais químicos. Tato, visão, audição, fala. "Essas são modalidades sensoriais e habilidades que normalmente ligamos apenas a animais", disse Hilker.

Plantas não podem correr de uma ameaça, mas podem defender seu território. "Elas são muito boas em evitar serem comidas", disse Linda Walling, da Universidade da Califórnia, em Riverside. "Insetos conseguirem sobrepujar essas defesas é uma situação incomum".

  • Aspas As plantas não são estáticas ou tolas "
À menor mordiscada em suas folhas, células especializadas na superfície da planta liberam elementos químicos para irritar o predador, ou uma substância pegajosa para prendê-lo. Genes no DNA da planta são ativados para travar guerras químicas em todo o sistema, a versão da planta para uma reação imunológica. Nós precisamos de terpenos, alcaloides, fenólicos – vamos nos mexer.

"Estou surpreso com a rapidez com que essas coisas acontecem", disse Consuelo de Moraes, da Universidade Estadual da Pensilvânia. De Moraes e seus colegas realizaram experimentos para cronometrar a reação de uma planta e descobriu que, em menos de 20 minutos do momento em que a lagarta começou a se alimentar de suas folhas, a planta havia puxado carbono do ar e construído barreiras defensivas do zero.

Só porque nós, humanos, não as ouvimos, não significa que as plantas não uivem. Algumas das barreiras que as plantas geram em resposta à mastigação de insetos são elementos químicos voláteis que servem como pedidos de socorro.

Foto: Joanne Rathe/NYT

Plantas não podem correr de uma ameaça, mas podem defender seu território com o uso de recursos como a liberação de elementos químicos para irritar o predador (Foto: Joanne Rathe/NYT)

Socorro
Tais alarmes aerotransportados provaram atrair grandes insetos predatórios como libélulas, que se deleitam com carne de lagartas, além de pequenos insetos parasitas, que podem infectar uma lagarta e destruí-la de dentro para fora.

Os inimigos dos inimigos das plantas não são os únicos sintonizados na transmissão de emergência. "Algumas dessas dicas, alguns desses elementos voláteis que são liberados quando uma planta focal é danificada", disse Richard Karban, da Universidade da Califórnia, em Davis, "fazem com que outras plantas da mesma espécie, ou mesmo de outras espécies, também se tornem mais resistentes a herbívoros".

Hilker e seus colegas, assim como outras equipes de pesquisadores, descobriram que certas plantas sentem quando ovos de insetos foram depositados em suas folhas, e agirão imediatamente para se livrar da ameaça incubada. Elas podem desenvolver tapetes de neoplasmas parecidos com tumores para derrubar os ovos, ou secretar inseticida para matá-los.

  • Aspas Mesmo se você já tem um conhecimento considerável sobre as plantas ainda é surpreendente ver como elas podem ser sofisticadas "
Em artigo no "The Proceedings of the National Academy of Sciences", Hilker e seus colegas determinaram que quando uma borboleta fêmea põe seus ovos sobre uma couve de Bruxelas e prende seus tesouros às folhas com pequenas gotas de cola, o vegetal detecta a presença de um simples aditivo da cola, cianureto de benzil.

Avisada pelo aditivo, a planta rapidamente altera a química da superfície de sua folha para chamar vespas parasitas fêmeas. Ao ver o prêmio ancorado, a vespa fêmea injeta seus próprios ovos dentro, as vespas em gestação se alimentam das borboletas em gestação, e o problema da planta está resolvido.

O cianureto de benzil foi doada à borboleta fêmea pelo macho, durante o acasalamento. "É um feromônio anti-afrodisíaco, para que a fêmea não acasale novamente", explicou Hilker. "O macho está tentando assegurar sua paternidade, mas acaba pondo em risco sua própria descendência".

As plantas espiam umas às outras de forma benigna e maligna. Conforme descreveram em "Science" e outros jornais, De Moraes e seus colegas descobriram que mudas de cuscuta, uma erva daninha parasítica parente das flores chamadas de "morning glory", podem detectar químicos voláteis liberados por plantas hospedeiras em potencial, como o tomate.

A jovem cuscuta, então, cresce inexoravelmente na direção do hospedeiro, até conseguir circundar o caule da vítima e começar a sugar sua seiva. A parasita pode até distinguir perfumes de pés de tomate mais saudáveis ou fracos, e se dirigir ao mais conveniente.

"Mesmo se você já tem um conhecimento considerável sobre as plantas", disse De Moraes, "ainda é surpreendente ver como elas podem ser sofisticadas".
É uma pequena tragédia diária que nós, animais, precisemos matar para continuar vivos.

As plantas são os autotrófitos éticos aqui, aqueles que retiram suas refeições do sol. Não espere que elas se vangloriem: elas estão ocupadas demais lutando pela sobrevivência.

FONTE: http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL1432575-5603,00-PESQUISAS+MOSTRAM+QUE+PLANTAS+REAGEM+AOS+PERIGOS+EXTERNOS.html