29/03/2010

Cientistas dos EUA e do Japão criam tecnologia capaz de ler pensamentos

Máquina de ressonância magnética registra fluxo de sangue no cérebro.
Áreas mais irrigadas mudam conforme ideia que passa pela cabeça.



Imagens do fluxo do sangue em diferentes partes do cérebro estão permitindo a cientistas da universidade Carnegie Mellon, no estado americano da Pennsylvania, criar uma tecnologia capaz de identificar pensamentos.

A leitura é feita por meio de um equipamento de ressonância magnética. Quando uma pessoa deita dentro da máquina, os pesquisadores pedem para ela para ele pensar, do jeito que quiser, nas palavras que aparecem no monitor: adorar, odiar, insultar. Enquanto ela pensa, o computador divide o cérebro em 20 mil pequenos cubos, chamadas voxels.

Por onde o sangue passa com mais intensidade - ou seja, nas áreas ativadas por aquele pensamento - os voxels ficam azuis. Nas áreas onde a atividade é ainda mais intensa, eles ficam amarelos. E depois vermelhos. A imagem gerada por cada pensamento é comparada com milhares de outras.
É pela semelhança entre a imagem produzida pelo novo pensamento e aquelas que estão catalogadas que o computador é capaz de dizer exatamente o que estamos pensando. Assim, eles constroem uma espécie de dicionário de pensamentos, como explica o pesquisador brasileiro Augusto Buchweitz.

"O computador não consegue fazer nada sozinho, a gente tem que dar os dados pra ele, e ele vai procurar coisas que se repetem no cérebro das pessoas, que vai permitir identificar o conteúdo do pensamento de outras pessoas", diz Augusto Buchweitz.

Saúde
Um dos pesquisadores, o doutor Marcel Just, diz que essa tecnologia poderá ajudar no tratamento de problemas psiquiátricos e neurológicos, identificando o que está errado com o pensamento e orientando a terapia e a prescrição de medicamentos.

Parece ficção científica mas, ainda este ano, pesquisadores esperam ler os pensamentos de uma pessoa no exato momento em que eles estão acontecendo.

Por enquanto, a leitura de mente é um experimento embrionário que depende de máquinas pesadas e só pode ser feito num laboratório. Só que os psicólogos e neurocientistas querem mais. Acreditam que em pouco tempo vai haver um leitor de mentes que funcionaria à distância, decodificando o que passa pela cabeça de qualquer pessoa - para o bem ou para o mal...

Pensamentos roubados
Imaginem, por exemplo, um terrorista numa estação de trem em Nova York. Ele pode montar um equipamento portátil capaz de ler mentes e descobrir, por exemplo, o código de acesso ao computador central do serviço de inteligência dos Estados Unidos, caso aponte a máquina para um funcionário do serviço de inteligência.

E a tecnologia é tão avançada que pode não deixar o menor rastro. O espião terrorista poderia usar o laser para escanear o cérebro do agente enquanto ele está lê os números. Tudo o que é pensado seria interpretado pelo computador.

É claro que os pesquisadores esperam que a leitura de mente seja usada apenas pra fins pacíficos. Mas é um tema tão intrigante que envolve instituições de pesquisa de todo o planeta.
No Japão, eles estão inventando uma máquina capaz de ler até o que nós estamos sonhando.

Gravador de sonhos
As experiências realizadas no Instituto de Pesquisas em Telecomunicações Avançadas, em Quioto, seriam chamadas de mágica, milagre ou telepatia há alguns anos. O cientista Yukiaso Kamitami diz: "a minha meta é gravar os sonhos". Para chegar lá, os pesquisadores começaram a identificar imagens formadas no cérebro. Os primeiros testes foram bem-sucedidos.

Nos testes, os cientistas projetaram lá dentro do aparelho de ressonância magnética símbolos como um quadrado. Os voluntários olhavam fixamente para a figura. O aparelho captava a atividade cerebral e um computador interpretava o que a pessoa estava pensando. O resultado foi que a figura saiu um pouco borrada, mas o equipamento conseguiu ler o pensamento.

Assim como na pesquisa americana, a principal ferramenta dessa tecnologia é um programa de computador capaz de reconstruir imagens que a gente vê a partir das oscilações do fluxo sanguíneo dentro do cérebro. Essas oscilações variam conforme o símbolo apresentado ao voluntário.

Os pesquisadores japoneses dizem que há teorias de que os sonhos são importantes, por exemplo, no processo de fixação do aprendizado. Se isso for verdade, o gravador de sonhos ajudaria o ser humano a aprender melhor.

O professor diz que o domínio dessa tecnologia ainda está longe de acontecer. Mas um dia o que se passa na nossa mente quando dormimos pode deixar de ser apenas um sonho que esquecemos no dia seguinte.

FONTE: http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL1548321-5603,00.html


25/03/2010

Chatroulette

Quem entra pela primeira vez no Chatroulette, um site de videochat no qual você e mais um desconhecido qualquer podem interagir através de suas webcams, depara-se de cara com esta singela mensagem: “Por favor, fique vestido”. Na teoria, somente internautas com mais de 16 anos podem acessar o Chatroulette e conhecer, aleatoriamente, pessoas engraçadas, pervertidas, entediadas, criativas e/ou ociosas (não necessariamente nesta ordem). Criado por Andrey Ternovskiy, um estudante russo de 17 anos (fato que me fez entender porque o site não é restrito a maiores de 18 anos), que teve a ideia enquanto conversava com amigos por Skype, o Chatroulette virou a bola da vez na internet, e não é difícil de entender o porquê.
Pra começar, você não precisa preencher nenhum cadastro chato ou fazer qualquer login para entrar na festa. Basta ativar sua webcam, clicar no botão “New game”, e pá-pum: você já entrou nesta roleta russa de pessoas estranhas que começarão a aparecer na janela do lado esquerdo no alto da página. Se a imagem que aparecer no videochat não lhe agradar, basta apertar “Next” para que o sistema do site busque outra webcam aleatória mundo afora. Ou seja, trata-se de fato de uma roleta russa humana, na qual o acaso joga dados, fazendo com que absolutamente qualquer um dos cerca de 35 mil usuários que estão acessando simultaneamente o Chatroulette possa pipocar em seu monitor.
Paris Hilton no Chatroulette
Paris Hilton flagrada no Chatroulette, durante sua passagem no Rio de Janeiro em fevereiro.
Nestes tempos de bigbrotherização das nossas vidas, nada mais natural do que um site no qual pessoas entram para ver e serem vistas tornar-se o hit da vez. E, do mesmo modo que ocorreu com o Twitter, que originalmente foi concebido como um serviço mobile para compartilhar suas atividades cotidianas, e acabou por se tornar um veículo de informações em tempo real sobre eventos como o terremoto no Chile ou o julgamento dos Nardonis (motivando a equipe do Twitter a mudar sua pergunta inicial de “o que você está fazendo?” para “o que está acontecendo?”), creio que o Chatroulette, que surgiu em novembro de 2009, ainda poderá ser aplicado para muitas coisas além dos óbvios usos exibicionistas e onanísticos, constatados por qualquer um que já passou 10 minutos conectado e se deparou com informações visuais realmente desnecessárias, em especial na hora do almoço.
Uma das brincadeiras mais comuns no Chatroulette: propor que as 
pessoas façam determinada expressão.
Uma das brincadeiras mais comuns no Chatroulette: propor que as pessoas tentem imitar determinada expressão.
Tudo na vida é uma questão de timing. Antes do estouro do Chatroulette, já havia outro site, criado 8 meses antes, o Omegle, que também propõe que você converse de forma randômica com qualquer outro maluco que esteja conectado. Porém, não “pegou”, do mesmo modo que foi o Orkut a rede social que emplacou no Brasil, ao invés do seu predecessor Friendster. E, assim como o bem-sucedido Orkut inspirou a criação de dezenas de outros sites semelhantes, já estão no ar vários clones do Chatroulette, como os brasileiros Catapapo e Chat Rolé. Eles têm alguma chance de vingar? Bem, até digo que é possível; afinal de contas, a chave para o sucesso de qualquer rede social, mais do que as features que oferece, é a formação de uma comunidade ativa de usuários, responsáveis por darem vida a um projeto.
O Chatroulette jamais seria a febre atual que é se não fosse frequentado por figuras como Merton, uma figura que liga a sua webcam e improvisa músicas na hora, tal qual um repentista 2.0, de acordo com as reações de cada pessoa que encontra no videochat. Seu primeiro vídeo postado no YouTube obteve nada menos que 4 milhões de visualizações em pouco mais de duas semanas. E motivou o cantor Ben Folds a fazer uma homenagem a Merton. Em um show para cerca de 2 mil pessoas, Ben fez o mesmo que o “piano guy”, acessando o Chatroulette e tocando de improviso à medida em que pessoas apareciam na webcam. O resultado? Um outro vídeo que, postado em 20 de março, já foi visto 1,9 milhão de vezes em apenas 5 dias.
O desenhista do Chatroulette
Outro exemplo de criatividade no Chatroulette: o caricaturista de anônimos do videochat.
É claro que, em meio a sacadas bacanas como a de Merton e o pessoal da banda I Am Un Chien, que fez um videoclipe colaborativo da música “Hologram” aproveitando a reação dos chatrouletters ao seu som, o incauto que destinar uma fração do seu tempo para se aventurar no site encontrará inúmeras pessoas se masturbando ou compartilhando imagens pornográficas tão sutis quanto um elefante dançando macarena. Mas a impressão que tenho é de que sempre foi assim na própria internet em geral, desde os idos tempos do mIRC. Por isso, antes de encarar um Chatroulette como mais uma extravagância inútil, creio que há muitas possibilidades a serem explorados dentro do conceito deste site. Que, no mais, já valeria só pelas boas gargalhadas que dei ao ver as imagens compiladas por http://chatroulette.tumblr.com ou a matéria protagonizada por Jon Stewart, do programa The Daily Show. No mais, penso no Chatroulette como uma expressão fiel do zeitgeist destes tempos contemporâneos, no qual você precisa ser instantaneamente criativo a fim de conseguir capturar a atenção de alguém antes de levar um “next” na cara. E aí recordo a filosofia instantânea de Flávia Lacerda, a @frufru, no Twitter: “A vida é uma grande disputa por quem dá next antes”.

FONTE: http://colunistas.yahoo.net/posts/894.html

22/03/2010

Cientistas observam produção em massa de estrelas há 10 bi de anos

da BBC Brasil
Um grupo internacional de astrônomos descobriu uma galáxia que há 10 bilhões de anos produzia estrelas numa velocidade cem vezes mais rápida do que a da Via Láctea atualmente.
Segundo os pesquisadores liderados pela Universidade de Durham, no Reino Unido, a galáxia conhecida como SMM J2135-0102 produzia aproximadamente 250 sóis por ano.
"Essa galáxia é como um adolescente passando por um estirão [período de crescimento rápido]", comparou Mark Swinbank, autor do estudo e membro do Instituto de Cosmologia Computacional da universidade britânica.

M. Kornmesser/ESO
Galáxia há 10 bilhões de anos produzia estrelas cem vezes mais 
rápido que a Via Láctea atualmente
Galáxia há 10 bilhões de anos produzia estrelas cem vezes mais rápido que a Via Láctea atualmente
A pesquisa, publicada no site da revista científica "Nature", revelou que quatro regiões da galáxia SMM J2135-0102 eram cem vezes mais brilhantes do que atuais áreas formadoras de estrelas da Via Láctea, como a Nebulosa de Órion, indicando uma maior produção de estrelas.
"Galáxias no início do Universo parecem ter passado por um rápido crescimento e estrelas como o nosso Sol se formavam muito mais rapidamente do que hoje", disse.
A mesma equipe já tinha descoberto, em 2009, uma outra galáxia, MS1358arc, que também formava estrelas em uma velocidade maior do que a esperada há 12,5 bilhões de anos.
"Sorte de principiante"
"Nós não entendemos completamente por que as estrelas estavam se formando tão rapidamente, mas nossos estudos sugerem que as estrelas se formavam muito mais eficientemente no início do Universo do que hoje em dia", explicou Swinbank.
A galáxia SMM J2135-0102 foi encontrada graças ao telescópio Atacama Pathfinder, no Chile, operado pelo European Southern Observatory. Observações complementares foram feitas com a combinação de lentes naturais gravitacionais de galáxias nos arredores com o poderoso telescópio Submillimeter Array, no Havaí.
Por causa de sua enorme distância e do tempo que a luz levou para alcançar a Terra, a galáxia só pode ser observada como era há 10 bilhões de anos-luz, apenas três bilhões de anos após o Big Bang.
 
FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/folha/bbc/ult272u710114.shtml

18/03/2010

Energia misteriosa faz dez anos sem ganhar explicação



Uma das maiores descobertas da história da astronomia está completando uma década neste ano, mas cientistas não têm muita motivação para comprar um bolo e tornar a data uma comemoração. Em 1998, dois grupos de pesquisa independentes descobriram que o Universo está se expandido de maneira acelerada --algo que ninguém esperava. Passados dez anos, a força que move esse fenômeno já tem um nome --energia escura--, mas ninguém ainda sabe o que ela é.
"Não estamos mesmo muito mais perto da resposta do que estávamos antes", disse à Folha Robert Kirshner, astrônomo da Universidade Harvard, de Cambridge (EUA). "Mas estamos bem convencidos hoje de que essa coisa existe, e esse sinal não se foi nos últimos anos. Na verdade se tornou melhor, mais evidente."
Kirshner foi um dos astrônomos com papel crucial na descoberta de 1998. Ele inventou uma maneira de analisar a luz de supernovas (explosões de estrelas) em galáxias que se afastam da Terra a alta velocidade para estimar quão distantes elas estão. Sob liderança de Adam Riess, ex-aluno de Kirshner, astrônomos usaram essa técnica para fazer um grande mapeamento do Universo, mostrando que as galáxias mais distantes estão se afastando cada vez mais rápido.
Os astrônomos demoraram para acreditar no que estavam vendo. Já se sabia desde 1929 que o Universo estava em um movimento de expansão, que tinha iniciado com o impulso do Big Bang, a explosão que o originou. Todos achavam, porém, que a força da gravidade de toda a massa que existe no cosmo acabaria freando esse impulso alguma hora.
"No final de 1997, quando estavam saindo as primeiras análises de Adam Riess, ele me disse "Cuidado aí! Parece que nós estamos obtendo massa negativa". Eu respondi então: "Você deve estar fazendo algo errado. Tem certeza de que não esqueceu de dividir por pi?"
Mas não era um erro na fórmula. Os astrônomos ficaram tão chocados quanto Isaac Newton ficaria ao ver uma maçã caindo para cima. Não é possível perceber a energia escura em pequena escala --maçãs costumam cair para baixo aqui na Terra--, mas na escala cosmológica essa força está agindo contra a gravidade, afastando as galáxias umas das outras.
Problema constante
Sem dados experimentais que possam sugerir o que é a energia escura, cientistas voltaram então para a teoria. Algo que poderia explicar a energia escura era um conceito antigo criado por Albert Einstein. Sua teoria da relatividade geral indicava que a gravidade deveria fazer o Universo encolher, mas o grande físico acreditava num cosmo imóvel, parado. Sua solução foi postular uma força repelente para fechar as contas.
A essa nova força --uma tentativa de resolver o problema "na marra"-- o físico deu o nome de "constante cosmológica". O que a idéia implicava era um tanto absurdo: o vácuo, ou seja, o nada, conteria energia.
Aparentemente, na década de 1930, Einstein acabou sucumbindo às provas de que o Universo estava mesmo em expansão e se afastou do debate. Após a descoberta da expansão acelerada em 1998, porém, físicos ressuscitaram sua idéia: a energia escura talvez seja a constante cosmológica.
A essas alturas, a energia do vácuo já não era uma idéia tão absurda, e tinha sido até mesmo postulada na forma de "partículas virtuais" pelos físicos quânticos. Com base nisso, então, teóricos calcularam qual seria o valor da constante cosmológica se ela fosse mesmo o impulso do "vazio quântico". Só que a conta não fechou.
"A energia escura é ridiculamente pequena, e a energia do vácuo teórica é ridiculamente grande", explica Raul Abramo, físico da USP (Universidade de São Paulo). "Seria como casar uma ameba com uma baleia."
Outros teóricos postulam que a energia escura seja uma outra força da natureza, uma espécie de "antigravidade". Para isso, porém, precisaria haver evidência de que ela varia no espaço e no tempo. Em outras palavras, seria preciso essa energia não ser "constante". Mas até onde a precisão dos telescópios permite ver, ela é.
Para sair da enrascada, físicos esperam agora a chegada de dados de supertelescópios, mas nada garante que imagens mais precisas tragam novas idéias.

por: RAFAEL GARCIA da Folha de S.Paulo
FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u412567.shtml 

10/03/2010

Terremoto no Chile deslocou cidade de Concepción 3 metros para oeste - veja o vídeo

Medição preliminar foi feita por cientistas em universidade de Ohio.
Santiago e Buenos Aires também saíram do lugar após o tremor.






O terremoto de magnitude 8,8 que abalou o Chile em 27 de de fevereiro deslocou a cidade de Concepción por mais de três metros, em direção a oeste, revelaram cientistas na segunda-feira (8).

Medições preliminares obtidas de estações de posicionamento global revelam que Concepción, a segunda cidade do Chile, se moveu 3,04 metros para o oeste com o tremor.

Santiago, a capital chilena, se moveu 27,7 centímetros para oeste, segundo as medições realizadas por especialistas chilenos e americanos e divulgadas pela Universidade Estadual de Ohio.

O terremoto no Chile moveu até a cidade de Buenos Aires, por 4 centímetros para oeste, e foi sentido nas Ilhas Malvinas, no Atlântico.

Foto: AFP

Trabalhadores limpam supermercado saqueado na cidade chilena de Concepción no domingo (7). (Foto: AFP)

 FONTE:  http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL1521337-5603,00-TERREMOTO+NO+CHILE+DESLOCOU+CIDADE+DE+CONCEPCION+METROS+PARA+OESTE.html

09/03/2010

O uso medicinal da maconha

Especialista em psicofarmacologia Elisaldo Carlini diz que já está mais do que na hora de reconhecer as qualidades médicas da droga no Brasil





 Carlini: "Quando estudamos a história da maconha, é fácil ver que na proibição de seu uso médico não há nada de científico, e sim ideológico"

O médico Elisaldo Carlini parece ter uma obsessão como especialista em psicofarmacologia, área que ajudou a difundir no Brasil nos anos 1960 depois de uma passagem de quatro anos pelos Estados Unidos, três deles na Universidade Yale. O foco de seu trabalho é procurar entender como a Cannabis sativa – a maconha – age no organismo humano, seu alvo de pesquisa há 50 anos. Herdou esse interesse de José Ribeiro do Valle, seu professor de farmacologia na Escola Paulista de Medicina na década de 1950. Desde então tem trabalhado no sentido de desmitificar o conceito de que a maconha é uma droga maldita, sem utilidade.
Nas décadas de 1970 e 1980 liderou no Brasil um grupo de pesquisa publicando mais de 40 trabalhos em revistas científicas internacionais. Esses resultados, juntamente com as investigações de outros grupos internacionais, possibilitaram o desenvolvimento no exterior de medicamentos à base de Cannabis sativa utilizados atualmente em vários países do mundo para tratamento da náusea e dos vômitos causados pela quimioterapia do câncer, para melhorar a caquexia (enfraquecimento extremo) de doentes com HIV e câncer e para aliviar alguns tipos de dores. Para ele, já está mais do que na hora de reconhecer o uso medicinal da maconha no Brasil.

Em maio deste ano haverá um simpósio internacional em São Paulo especialmente para tratar dessa questão. Carlini vê grande preconceito contra a maconha, mas aposta que se os pesquisadores insistirem na direção correta, com o apoio da ciência, essa aprovação será obtida algum dia. É preciso ressaltar que esse médico de 79 anos é contra o uso dessa e de outras drogas para fins recreativos.

Carlini tem uma atuação social que, por vezes, ofusca o cientista. Ele é o criador do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) – um importante fornecedor de informações para a formulação de políticas de educação – e da Sociedade Brasileira de Vigilância de Medicamentos (Sobravime), em 1990. Entre 1995 e 1997 esteve à frente da Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária, órgão predecessor da atual Anvisa, onde enfrentou a espinhosa missão de combater a corrupção no setor. Com sucesso, diga-se. Atualmente está no sétimo mandato como membro do Expert Advisory Panel on Drug Dependence and Alcohol Problems, da Organização Mundial da Saúde (OMS). Tem seis filhos e cinco netos. Em dezembro, entre uma reunião e outra, Carlini deu a entrevista abaixo.

Qual será a proposta do simpósio internacional sobre maconha, que ocorrerá em maio em São Paulo?

Vamos propor que a maconha seja aceita para uso médico no Brasil. Meu avô se formou médico no fim do século XIX e naquela época já usava um livro de 1888, que guardo até hoje, com a receita da maconha para vários males. Era uma terapêutica corrente no mundo todo, inclusive no Brasil. O simpósio internacional terá o título “Uma agência brasileira da Cannabis medicinal?”. A Organização das Nações Unidas (ONU) reconhece que a maconha pode ser medicamento – apesar da proibição da Convenção Única de Entorpecentes, de 1961 – desde que os paí-ses oficializem uma agência especial para Cannabis e derivados nos seus ministérios da Saúde. Já há uns 10 países que fazem esse uso: Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Itália, França, Alemanha, Espanha, Suíça, entre outros. 
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08/03/2010

Astrônomos e físicos do mundo todo tentam desvendar do que são feitos 96% do Cosmo

 
A Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) divulgou no final de janeiro uma imagem mostrando a concentração de galáxias a diferentes distâncias em uma pequena região do Universo. Cada ponto colorido da imagem (veja acima) corresponde a um agrupamento com centenas a milhares de galáxias – cada uma delas formada por centenas de bilhões de estrelas e uma quantidade elevada de gás muito quente. São o que os astrônomos chamam de aglomerados de galáxias, as estruturas em equilíbrio de maior dimensão e massa já identificadas no Cosmo. Calculando o número de corpos celestes que podem existir ali, fica difícil imaginar que eles contribuam para compor apenas 4,6% de tudo o que existe no Universo. O restante, na verdade quase tudo, não pode ser visto. Os outros 95,6% são formados, de acordo com a vasta maioria dos físicos e dos astrônomos, por dois tipos de elementos descobertos apenas nos últimos 80 anos: a matéria escura e a energia escura, sobre as quais quase nada se sabe além do fato de que precisam existir para que o Universo seja como se imagina que é. Alvo de uma série de experimentos internacionais que contam com a participação de brasileiros, alguns já em andamento e outros previstos para iniciar nos próximos anos, essa forma de matéria e de energia não absorve nem emite luz e, portanto, é invisível ao olho humano.

Nenhum equipamento em atividade até o momento foi capaz de detectá-las diretamente. Mas os físicos preveem a existência das duas em seus modelos de evolução do Cosmo, e os astrônomos inferem a presença delas a partir de assinaturas que deixam na estrutura do Universo, identificáveis em imagens como essa produzida pela ESA, resultado do Levantamento sobre a Evolução Cosmológica (Cosmos) – esse projeto usa os maiores telescópios em terra e no espaço para vasculhar uma região do céu do tamanho de oito luas cheias.

Foi apenas no último século que a compreensão do Universo se complicou tanto. Na década de 1920 o astrônomo norte-americano Edwin Hubble percebeu que o Cosmo era formado por grandes agrupamentos de estrelas – as galáxias – e que elas estavam se afastando umas das outras. A constatação de que o Universo estava se expandindo levou físicos e astrônomos a reverem suas ideias, pois até então acreditava-se que ele fosse estático e finito.

Estudando as galáxias, o astrônomo búlgaro Fritz Zwicky, considerado por muitos um mal-humorado, notou em 1933 que elas precisariam de 10 vezes mais massa do que tinham para se unirem em aglomerados apenas pela atração gravitacional, a força proposta por Isaac Newton para explicar a atração de corpos de massa elevada a distâncias muito grandes, como os planetas e as estrelas. A massa que não se conseguiu enxergar foi chamada de matéria escura. A energia escura só seria proposta cerca de 70 anos mais tarde, quando os grupos de Adam Riess e Saul Perlmutter, que investigavam supernovas, estrelas que explodiram passando a emitir um brilho milhões de vezes mais intenso, estavam se afastando de nós cada vez mais rapidamente. O Universo não se encontrava apenas em expansão, mas em expansão acelerada. Algo desconhecido, uma espécie de força contrária à da gravidade – mais tarde chamada de energia escura –, fazia o Cosmo crescer a velocidades cada vez maiores como um lençol de borracha puxado pelas pontas.

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FONTE: Revista Pesquisa: Ciência e Tecnologia no Brasil.

05/03/2010

Pesquisadores criam sistema de touchscreen na pele

Ainda em fase de pesquisa, o Skinput é uma interface de toque que permitirá a você usar a mão e o antebraço como tela de celular, computador e iPod

 por Redação Galileu

Por que usar smartphones ou aparelhos enormes se o nosso próprio corpo pode ser transformado em touchscreen? Segundo foi publicado no site da New Scientist, uma nova técnica é desenvolvida pela Microsoft e Universidade Carnegie Mellon que usa a mão e o antebraço para comandar e exibir informações de aparelhos eletrônicos.

Batizado de Skinput, o sistema não projeta simplesmente uma tela na pele, mas consegue reconhecer a parte que você tocou. Ele combina duas tecnologias: um detector acústico, que "ouve" o som de baixa frequência produzido pelo toque do dedo na pele, e um projetor do tamanho de um microchip, ambos integrados a uma braçadeira.

Pesquisas identificaram que cada região do antebraço e da mão produz uma característica acústica diferente ao ser tocada. O detector de som contém uma espécie de sensor que reconhece as frequências dos sons do toque na pele e os transforma em impulsos elétricos. Basta colocar a braçadeira precisamente na posição correta para a projeção  aparecer no local certo e o sistema funcionar.

O desejo dos desenvolvedores é de que o Skinput utilize tecnologia sem fio, como o Bluetooth, para transmitir comandos a vários tipos de dispositivos – iPods, celulares e até computadores.

O trabalho final vai ser apresentado em abril na CHI 2010 – Conferência sobre Fatores Humanos em Sistemas Computacionais –, na cidade de Atlanta, nos Estados Unidos. Mas você já pode matar um pouquinho da curiosidade com o vídeo de demonstração abaixo:





FONTE: http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI124873-17770,00-PESQUISADORES+CRIAM+SISTEMA+DE+TOUCHSCREEN+NA+PELE.html

03/03/2010

Terremoto no Chile pode ter encurtado duração dos dias, diz Nasa



Washington, 2 mar (EFE).-  segundo cientistas da Agência Espacial Americana (Nasa).
O pesquisador Richard Gross e seus colaboradores do Laboratório de Propulsão da Nasa avaliaram, com a ajuda de computadores, de que forma o abalo de 8,8 graus na escala Richter poderia ter alterado a rotação do planeta.

De acordo com o estudo, o tremor fez com que um dia na Terra passasse a ter 1,26 microssegundos - um microssegundo é a milionésima parte de um segundo - a menos.
Além disso, os cientistas chegaram à conclusão de que o eixo da Terra - sobre o qual a massa do planeta se mantém equilibrada e que é diferente do eixo norte-sul, de polo a polo - mudou em 2,7 milissegundos (cerca de oito centímetros).
Ainda segundo o cientista, o mesmo modelo de cálculo foi usado para fazer a mesma avaliação no caso do terremoto que atingiu a ilha de Sumatra (Indonésia) em 2004. Por causa daquele tremor de 9,1 graus na escala Richter, os dias foram reduzidos em 6,8 microsegundos, e o eixo do planeta sofreu redução de 2,32 milisegundos - cerca de 7 centímetros.
Gross afirmou que apesar do terremoto no Chile ter sido menor do que aquele, provocou mais alteração no eixo terrestre por ter ocorrido mais longe da linha do equador, e porque a falha geológica na qual aconteceu o terremoto chileno foi mais profunda e ocorreu em um ângulo ligeiramente mais acentuado do que a responsável pelo terremoto de Sumatra. EFE.

FONTE: http://br.noticias.yahoo.com/s/02032010/40/mundo-terremoto-no-chile-encurtado-duracao.html

01/03/2010

Guerra nuclear local, catástrofe global

As preocupações se fixam em Estados Unidos e Rússia, mas uma guerra nuclear regional entre Índia e Paquistão poderia ofuscar o Sol e matar de fome grande parte da humanidade
por Alan Robock e Owen Brian Toon

Richard Lee


Há 25 anos, equipes internacionais de cientistas mostraram que uma guerra atômica entre os Estados Unidos e a União Soviética poderia resultar em um “inverno nuclear”. A fumaça dos vastos incêndios deflagrados por bombas lançadas sobre cidades e áreas industriais envolveria o planeta e absorveria tanta luz solar que a superfície terrestre ficaria fria, escura e seca. As plantas morreriam em escala global e nossas fontes de alimentos seriam extintas. No verão, as temperaturas superficiais registrariam valores de inverno. Uma discussão internacional sobre essa perspectiva sombria, alimentada em grande parte pelo astrônomo Carl Sagan, obrigou os líderes das duas superpotências a confrontar a possibilidade de que a corrida armamentista não ameaçava apenas sua própria existência, mas a de toda a raça humana. Todos os países, grandes e pequenos, exigiram o desarmamento.

O inverno nuclear foi fator importante para encerrar a corrida armamentista. Em retrospectiva, o ex-líder soviético Mikhail S. Gorbachev observou, em 2000, que “modelos elaborados por cientistas russos e americanos mostravam que uma guerra nuclear acarretaria um inverno nuclear extremamente destrutivo para toda a vida na Terra; essa informação foi um grande estímulo para nós, pessoas de honra e moralidade, agirmos”.

Por que discutir esse tema agora que a Guerra Fria acabou? Porque, à medida que outras nações adquirem essas armas, guerras atômicas menores, regionais, podem gerar uma catástrofe similar. Novas análises revelam que um conflito entre a Índia e o Paquistão, por exemplo, em que 100 bombas fossem lançadas sobre cidades e áreas industrializadas – apenas 0,4% das mais de 25 mil ogivas do mundo – produziria suficiente fumaça para aniquilar a agricultura global. Uma guerra regional faria um número incalculável de vítimas, inclusive em países distantes do confronto.  CONTINUE LENDO...