31/07/2009

Cientistas temem que máquinas superem humanos em inteligência

Um dos receios é a exploração criminosa da inteligência artificial.

Grupo debate imposição de limites às pesquisas.

John Markoff

Do ‘New York Times’


Foto: New York Times

Aeronave militar não tripulada empregada na guerra do Afeganistão ainda precisa de controles humanos. (Foto: New York Times)

Um robô capaz de abrir portas e encontrar sozinho tomadas elétricas para se carregar. Vírus de computador implacáveis. Pequenas aeronaves que, apesar de ainda controladas por seres humanos, chegam perto de uma máquina com autonomia para matar.

Impressionado e alarmado pelos avanços na área de inteligência artificial, um grupo de cientistas da computação está debatendo se deve haver limites nas pesquisas que possam levar à perda do controle humano sobre sistemas computacionais cada vez mais usados na sociedade de hoje – de guerras a conversas por telefone com clientes.

A preocupação é que avanços maiores possam criar perturbações sociais profundas, com perigosas consequências.

Como exemplos, os cientistas apontaram uma série de tecnologias bastante diversas – de sistemas médicos experimentais que interagem com pacientes simulando empatia, até vírus de computador implacáveis que poderiam representar o estado "primitivo" da inteligência mecânica.

Ampliar FotoFoto: New York Times

Robô se liga, sozinho, na tomada, quando precisa de recarga. (Foto: New York Times)

Os cientistas da computação concordam que há ainda um longo caminho a percorrer até que se chegue a algo parecido com Hal, o hipercomputador que assume a espaçonave no filme "2001: Uma Odisseia no Espaço". No entanto, eles afirmam haver preocupações legítimas de que o progresso tecnológico possa transformar o mercado de trabalho, ao destruir uma ampla variedade de empregos, assim como forçar os homens a aprender a conviver com máquinas que imitam o comportamento humano.

Os pesquisadores – importantes cientistas da computação e pesquisadores sobre inteligência artificial e robótica que se reuniram em Asilomar, em Monterey Bay, Califórnia – descartaram a possibilidade de superinteligências altamente centralizadas e a ideia de que alguma inteligência possa “brotar espontaneamente” da internet. No entanto, eles concordam que robôs com autonomia para matar já existem, ou chegarão num futuro bem próximo.


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Eles dedicam atenção especial ao receio de que criminosos possam explorar sistemas de inteligência artificial assim que esses forem desenvolvidos. O que um criminoso faria com um sistema de síntese de voz capaz de imitar uma voz humana? O que acontece se uma tecnologia de inteligência artificial é usada para extrair informações pessoais de smart phones?

Concorrência desleal
Os pesquisadores também discutiram sobre possíveis ameaças a trabalhos humanos, como carros que dirigem sozinhos, assistentes pessoais baseados em software e robôs para executar tarefas domésticas. No mês passado, um robô desenvolvido por Willow Garage, no Vale do Silício, mostrou ser capaz de navegar no mundo real.





FONTE: http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL1245870-5603,00.html

Caminho Inca



(O texto abaixo foi escrito em circunstâncias bem particulares. Na ocasião, eu seguia em viagem para Machu Picchu. Foi no segundo dia de caminha pelas trilhas incas. 49 Km de caminhada. Escrevi na segunda noite, a pior, em uma barraca após um tímido prato de sopa - que nem quis saber do que era pra não dar trela às frescuras culturais). Estava relendo este texto hoje, relembrando a intensidade do momento de sua criação. Compartilho com os amigos leitores. Espero que gostem e sintam um poco do indescritível que é tudo aquilo)



Montanhas, muitas montanhas.


O aventureiro, ao início da viagem, não faz a mais remota idéia do que o espera.

As trilhas Incas, forjadas em pedras de forma a criar infinita escadaria irregular, circundando toda a grande montanha... O vento, o frio e a chuva açoitam o peregrino que se atreve a desafiar a montanha. Pedras escorregadias, inclinadas, pontiagudas, curvas ou achatadas torturam os pés.


De longe pode-se ver o infinito do caminho, sempre acima. E que não se engane o viajante, após cada curva uma nova montanha se apresenta imponente, com caminhos a serpentear rumo às nuvens.


As dificuldades são imensas. Os pés doem, as costas se inclinam sob o peso da mochila. O suor escorre por baixo de grossos agasalhos.

A capa de chuva já não retém a água. O suor se combina e mistura com gotas gélidas que vêm de toda parte.
Nas mãos, grossas luvas e um cajado. Todo o corpo quer descanso.

Por todos os lados selva e abismos deslumbrantes. Riachos furiosos, escondidos na selva, completam a sinfonia Inca... Uma espécie de canto andino regido pelo vento...



São 4 dias, 49 km de caminhada... Subidas intermináveis, descidas lentas e igualmente dolorosas... escorregadias...


A montanha bafeja seu hálito frio e úmido sobre tudo e todos, se mostrando viva, pulsante... Observando nossos passos.

Eis o caminho Inca!



VALE A PENA???

Esta pergunta não pode ser respondida a não ser por cada um, individualmente, e tão somente, apenas, após ter vencido o caminho através das montanhas.


Pela tradição, os Incas (os líderes) se acreditavam Deuses. Sim, isso explica tudo. Todo esse caminho!

Os Deuses habitam o mais alto, o mais inacessível culme das montanhas. Por isso os Incas viviam lá, por isso erguiam seus templos e santuários em alturas tão extremas. Não era apenas para se sentirem próximos aos seus Deuses, eles próprios se sabiam Deuses.

Os mortais vivem nos vales, o Olimpo é para os Deuses!

Vencida a montanha, alcançado o cume, a paisagem torna-se indescritível, inenarrável à linguagem humana. Agora, também somos Deuses! Olhamos a montanha do alto de seus 4.300 metros, vencidos!, passo a passo.

Não somos mais mortais. Atingimos o ponto de onde não se pode mais voltar ao vale.

Sentimos e vemos como os velhos Incas, Deuses como nós, conquistadores da montanha e de si mesmos.

Do alto é possível ver parte do que passou.

Sim, agora somos Deuses! Caminhamos na "Cidade das nuvens". Exploramos cada canto. Respiramos seu ar. Deixamos nosso sangue, suor e pensamentos...


Alguém pergunta pela descida?

Nao há descida!

Uma vez atingido o Olímpio não se pode mais voltar. Esta é a lei dos imortais! Agora somos Deuses como todos os outros.

Os milhares de problemas da vida perecível se curvam tímidos, sem força para olhar-nos.

Rompemos a montanha. Que venham outras! Serão apenas outras, nada mais!

(E me perguntam, vale a pena?)


Os Incas foram grandes porque se acreditavam Deuses. Assim também foi com os Egípcios e tantos outros povos...

Eis o segredo!

Para um Deus, não há o impossível.

("Só o impossível acontece! O possível só se repete")

Foto alguma descreverá o que só os olhos dos que aqui estiveram puderam e podem ver... sentir... imaginar...








30/07/2009

Juiz de Fora


Talvez sejam teus dias frios
O inverno que não tem hora de vir ou voltar
Talvez seja tua vocação cosmopolita
Ou as muitas estudantes, de todas as partes, que aqui abriga.
Talvez sejam as noites brancas...
Talvez seja o talvez de cada letra de teus muitos nomes.

Tuas ruas, seus poetas, teus fidalgos
Teus olhos furtivos, furtacor
Tuas putas universitárias
Teu jeito falso de classe média

És culta e bela
Princesinha traída
Currada
Bela como as mulheres que dão curvas às tuas ruas.

Estrangeira...
Fria como a alma dos que não têm pátria.
Teus filhos não lhe pertencem
Adotas os peregrinos sem rumo.

Uma cidade boa para envelhecer,
Disse-me ontem uma amiga.
Sou jovem demais para envelhecer,
pensei.

Confesso: Não resisto
Ao doce fascínio do vício
De tuas frias madrugadas।
Sávio Damato

29/07/2009

O Jardineiro Fiel


Mil sonhos de amores perfumam as flores do jardim. Um jardineiro derrama descuidado gotículas sobre pétalas delicadas. O sol é suave, a brisa mansa. O chão fofo e bem cuidado exibe a cor saudável de um rosto bem alimentado. Minhocas gulosas mergulham na terra fofa. Um grilo salta de uma folha a outra. Tudo é calma, suave balanço de harmonia.

Mas eis que tudo começa a mudar. Um grito, um gemido. Um estalido de dor. A figura de um homem de olhos esbugalhados descortina-se na escada. Um homem alto, magro, cabelos ouriçados e olhos a saltarem das órbitas. O homem, parado no limiar da porta, parece exausto. Sua expressão é de assombro. Atrás dele gritos de mulheres a sua procura tecem uma estranha melodia atrófica.


O homem, parado, estende a mão para as flores do jardim. Nem uma palavra escapa de seus lábios. Mas uma voz rouca, um sussurro a muito reprimido, é visto jorrando de seus olhos. O homem se atira de joelhos à terra fofa e agarra a flor roxa recém regada que lhe está mais próxima.


As mulheres chegam à porta. São três. Aparentemente a mãe, uma filha moça e uma mais nova. Todas olham com admiração a cena. Nenhuma delas quer mais gritar. Em seus olhos, espelhos do sofrimento, pode-se ler a história que passou:


Sr. Luis era um jovem médico. Jovem se entregou à vocação. Conheceu dona Ilda quando ainda cursava a faculdade. Donos de uma paixão fulminante, se entregaram ao casamento. Tudo corria bem. Nascera a primeira filha, Luana. Fogos de júbilo ecoaram pela casa inteira. Uma grande festa com muitos convidados percorreu a casa do doutor.


Um dia, porém, a casa amanheceu mais escura. Luana já tinha cinco anos. Médicos da cidade vizinha movimentaram-se na casa do amigo doutor. Ele estava dormindo! Sim, dormindo. Não estava morto. Era um sono suave, nostálgico.


--Tripanossomíase Africana. A doença do sono. E ela pode levar anos. Poderia jamais acordar ou simplesmente acordar amanhã -- disse um Senhor Doutor.


No dia seguinte Ilda estava sentada à beira da cama do marido, na mesma hora que ele sempre acordava. Ela havia preparado um belo café da manhã, o mais lindo que conseguira. Esperava que ele despertasse e arrancasse a todos do pesadelo. Jamais contaria ao marido o ocorrido, seria como se aquilo não acontecera. Mas ele não acordou. No dia seguinte a esse, a cena se repediu. E no outro dia, e no outro, e em mais outro, até que os anos passassem. As meninas acostumaram a ir ao quarto do sono se despedir para a escola. A mãe sempre estava lá, e esperava. Os anos passaram e um dia, quando a esperança já estava de malas prontas para partir, quando Ilda não podia mais contar o número de fios sem cor de sua cabeça, ele acordou.


Nesse dia, que começou com os gritos das mulheres e o jardineiro a regar o jardim, houve uma grande festa. Outra vez toda a cidade desfilou na casa do Doutor. O Jardineiro foi o único a não comparecer. Como em um despertar rotineiro, o doutor contou o infinito de sonhos e pesadelos por que passou. Os médicos, na sala, riam das histórias e diziam querer pesquisar. A mulher olhava calada, abraçada à filha mais nova, três aninhos apenas. Luana, a mais velha, já tinha 15. Dez anos havia se passado.
Naquela noite, todos foram dormir tarde e, quase sem acreditar, Ilda foi ao quarto do sono desejar boa noite ao marido desperto. Não dormiriam juntos naquela noite, ainda havia muito por conversar. Ele dormiu. Pela manhã a casa cheirava a café. Ilda foi acordá-lo. Ele ainda dormia. O Doutor nunca mais voltou a acordar. Dormiu nos anos que alcançaram o casamento da filha, a morte dos amigos, do jardineiro e da mulher também. Dizem que, pouco antes de seu suspiro final, seus olhos se abriram e deram com o da menina mais nova, agora bem mais velha. Era quem cuidava dele, a filha do jardineiro. Ninguém nunca soube o que disseram...



AUTOR: Sávio Damato

27/07/2009

Tédio


Nada de novo no mundo

Nenhum som

Nenhuma bomba.

Tudo mudo, imundo

como sempre.


Nada de bom

Mais um pouco

de Nada em Tudo.

Tédio que sorri...


Mais um dia termina...

Silêncio

Cegueira

Outra vez...


Carros passam

Em deslizar ruidoso

Pessoas caminham

Marcando passos


O tempo passa...

Suave véu monótono.

É lento o entardecer

E com muitos mosquitos.


Não há pássaros

O relógio sem ponteiros Indica:

O tempo murchou!


Agora resta a cidade adormecida

A novela das oito

O apático Jornal Nacional

E o Boa-Noite final!




Sávio Damato

25/07/2009

Energia elétrica sem fio

Não, você não leu errado.

Imagine o dia em que não precisarmos mais plugar aparelhos elétricos à tomada para que eles funcionem, pois o equipamento será capaz de captar a energia que precisa, através do ar. Apesar de isso parecer tema de filme de ficção científica, a tecnologia existe, está em fase de experimentação e promete revolucionar a forma como pensamos em fontes de alimentação para equipamentos eletrônicos (e até os outros tipos de eletrodomésticos, como geladeiras, fornos de microondas, etc.). Ou seja, será possível ligar aparelhos em locais onde ficaria muito difícil ou mesmo impossível utilizar cabos de energia.

De onde veio isso?

A história da transmissão sem fio de energia elétrica é mais velha do que você pode imaginar. Já no Século 19, os estudos sobre a energia elétrica avançavam rapidamente e suas aplicações eram difundidas e ampliadas a diversos tipos de equipamento. Em 1894, ou seja, mais de cem anos atrás, nosso grande amigo Nikola Tesla conseguiu acender uma lâmpada sem o uso de qualquer cabo de energia, através de um processo chamado “indução eletrodinâmica”.

Como funciona?

Como funciona

O processo físico de transmissão de energia elétrica sem a utilização de cabos é exatamente o mesmo realizado nas telecomunicações, com a única diferença de que o foco dos cientistas está na eficiência com que a energia é entregue. A eficiência pode ser entendida como a capacidade que o equipamento tem de converter a energia recebida, seja do tipo que for, em energia elétrica. Quanto mais energia for gerada na conversão, maior a eficiência.

Qualquer aparelho que possua uma antena — como rádios, antenas parabólicas, telefones celulares e outras engenhocas — recebe uma quantidade de energia, interpreta-a e transforma em dados que você visualiza na tela do monitor, televisão, etc. A transmissão de energia elétrica será muito semelhante, então imagine que daqui a pouco tempo, seu celular não precisará de bateria enquanto estiver ao alcance de uma antena. Outras maravilhas serão possíveis com a tecnologia, e estamos babando para que elas aconteçam.

Você poderia perguntar algo como “se essa tecnologia vingar, eu não vou tomar choques constantes quando eu sair de casa?” A resposta é não, porque, o “formato” com que a energia circulará pelo ar não é o mesmo que circula pelos cabos elétricos. Quando falamos sobre eficiência há pouco, nos referíamos justamente à capacidade que os equipamentos terão de converter esse “formato” de energia para um que seja capaz de alimentar o aparelho.

Quando estará disponível?

Continue Lendo -- > http://ficcaodorealciencia.blogspot.com/2009/07/energia-eletrica-sem-fio.html

FONTE: http://www.baixaki.com.br/info/2455-energia-eletrica-sem-fio.htm

23/07/2009

Nuvem de poeira faz volta ao mundo em 13 dias



Uma tempestade de poeira que se formou no deserto de Taklimakan, no oeste da China, em maio de 2007 foi levada por ventos por uma volta e meia no planeta em apenas 13 dias, afirmaram cientistas japoneses. Eles observaram que a imensa nuvem de poeira foi suspensa a quase 12 km da superfície terrestre, na camada atmosférica conhecida como troposfera, e transportada por um ciclo inteiro ao redor da Terra, atingindo duas vezes a região do Pacífico.

Após dar a volta no planeta, parte da poeira ainda conseguiu alcançar pela segunda vez a América do Norte, disseram os cientistas. Outra parte foi depositada no oceano.

Em um artigo a ser publicado na revista científica Nature Geoscience, a equipe de pesquisadores liderada pelo professor Itsushi Uno, do Instituto de Mecânica Aplicada da Universidade de Kyushu, indica que as conclusões demonstram a influência que nuvens de poeira formadas na Ásia exercem sobre processos naturais no planeta.

"Além do impacto radioativo direto através da difusão e absorção da radiação solar, a poeira asiática pode também afetar o clima global indiretamente, através da interação com nuvens de gelo, regulação das atividades biológicas marinhas que estão estreitamente relacionadas com os ciclos globais de carbono e produção de aerossol marinho (maresia), e influência em processos meteorológicos que podem afetar a ocorrência e magnitude de tempestades que gerarão episódios futuros de poeira na Ásia", afirmou a equipe.

Localizado na bacia de Tarim, entre as Montanhas Celestiais de Tien Shan, ao norte, e a cordilheira de Kunlun, ao sul, o deserto de Taklimakan é o maior, mais frio e mais seco deserto da China. Por causa de sua aridez e volume de areia, que chega a se acumular em dunas de até 200 metros de altura, o ecossistema gera algumas das maiores tempestades de areia da Ásia.

Os pesquisadores analisaram a formação deste fenômeno entre os dias 8 e 9 de maio de 2007, através de dados colhidos pelo satélite Calipso, da Nasa.


FONTE: http://noticias.terra.com.br/ciencia/ultimas/0,,EI238,00.html

18/07/2009

De volta para o Futuro


PROPRIEDADES MALUCAS, MAS COMPROVADAS, DA TEORIA DA RELATIVIDADE E DA MECÂNICA QUÂNTICA FAZEM COM QUE IDAS AO FUTORO OU AO PASSADO NÃO SEJAM SÓ FICÇÃO CIENTÍFICA.

VIAJAR NO TEMPO É MOLEZA. Difícil é não viajar no tempo. Note que, enquanto lê esta frase, você está viajando no tempo – mais ou menos dois segundos na direção do futuro, para ser exato.


Ah, aí não vale? Vale sim. Porque, desde que Albert Einstein desenvolveu sua Teoria da Relatividade, sabemos que o tempo não é o pano de fundo sobre o qual se desenrolam os eventos do Universo. Em vez disso, ele é uma direção, parecida em essência com as tradicionais profundidade, altura e largura que todos conhecemos no dia-a-dia.


Continue lendo -- >http://ficcaodorealciencia.blogspot.com/2009/07/de-volta-para-o-futuro.html


Em Busca da Vida Eterna


PISTAS DEIXADAS POR BACTÉRIAS, VERMES DE LABORATÓRIO E ÁGUAS-VIVAS ESTIMULAM A BUSCA PELA VIDA ETERNA.
 Texto por Reinaldo José Lopes


Tudo o que é vivo morre. A máxima é do clássico teatral “O Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna, mas não é preciso ser um gênio literário para enunciá-la. Só faltou combinar a coisa com uma água-viva conhecida pelo nome científico de Turritopsis nutricula. Nos últimos anos, a criatura gelatinosa, que mede apenas uns poucos centímetros, virou uma praga em vários oceanos. Em geral, as águas-vivas passam por um rápido envelhecimento após alcançar a maturidade sexual e se reproduzir, mas não a T. nutricula. Experimentos em laboratório mostram que todos os indivíduos do bicho, após um tempo de vida adulta, espontaneamente revertem à forma que tinham quando jovens (que é um pólipo, ou seja, um tubo fixo com tentáculos, parecido com uma anêmona). Deixe-me frisar isso, caso você ainda esteja meio confuso. Nenhuma, pelo que se sabe, morre de morte morrida. Zero.

Não pense que a água-viva é uma exceção completa. Em condições ideais, as bactérias também são potencialmente imortais – continuam a fazer sua divisã0o sem parar, sem qualquer sinal de envelhecimento. Esses dados malucos sugerem que não há nada de intrinsecamente inevitável na mortalidade. Qualquer um está sujeito à “morte matada”, ligada a acidentes e predadores, as é possível conceber modos de barrar os processos lentos que levam ao envelhecimento e à morte natural.

SUBPRODUTO
Um dos cientistas que mais botam fé nessa ideia é o britânico Aubrey de Grey, gerontologista da Universidade de Cambridge. Ao menos parte do que sabemos sobre a biologia do envelhecimento está do lado de Grey. Ao contrário do que se vê em relação ao crescimento e à maturação, que é um processo programado pelos genes, o envelhecimento parece ser o acúmulo de erros aleatórios no organismo, minando a capacidade do corpo de se consertar, até que ele finalmente acaba dando pau.

“É por isso que temos de adotar uma estratégia de dividir e conquistar”, argumenta Grey. Ele explica que, quando somos jovens, o corpo consegue contrabalançar os erros que se acumulam com processos naturais de “conserto”. “Em vez de tentar impedir que tais danos surjam, coisa que seria muito mais complicada, temos de fazer com que as mudanças continuem sendo inofensivas”, afirma.

Considerando que os danos se acumulam em 3 frentes distintas – no nível das células, que não se dividem mais, no das proteínas, que se acumulam como se fossem “lixo tóxico”, e no do DNA, que sofre mutações indesejadas --, Grey propõe um tipo de ataque diferente para cada inimigo. No caso do “esgotamento” de células indispensáveis, as famosas células-tronco, capazes de assumir a função de qualquer tecido do organismo, poderiam servir como ecas de reposição. Vírus modificados fariam um passeio pelo DNA, consertando o material genético quando houvesse falhas. E bactérias especializadas ficariam encarregadas de navegar pelo organismo e digerir restos protéicos tóxicos.

Além da abordagem sugerida pelo britânico, estudos mais apurados sobre a água-viva “imortal” certamente nos reservam surpresas. Os pesquisadores já sabem que um de seus principais truques para rejuvenescer envolve o fenômeno conhecido como transdiferenciação, ou seja, a arte de fazer uma célula adulta, já especializada em determinada função, voltar a adquirir a versatilidade que tinha quando ainda era uma célula-tronco. É claro que, se não quisermos todos virar um bando de Benjamins Buttons, vai ser preciso intervir com muito cuidado num mecanismo tão fundamental da vida multicelular. O prêmio de quem conseguir fazer isso é a fonte da juventude, versão 2.0.


FONTE: Super Interessante: A ciência do Impossível. 33 ideias que parecem irreais, mas não são!