09/03/2010

O uso medicinal da maconha

Especialista em psicofarmacologia Elisaldo Carlini diz que já está mais do que na hora de reconhecer as qualidades médicas da droga no Brasil





 Carlini: "Quando estudamos a história da maconha, é fácil ver que na proibição de seu uso médico não há nada de científico, e sim ideológico"

O médico Elisaldo Carlini parece ter uma obsessão como especialista em psicofarmacologia, área que ajudou a difundir no Brasil nos anos 1960 depois de uma passagem de quatro anos pelos Estados Unidos, três deles na Universidade Yale. O foco de seu trabalho é procurar entender como a Cannabis sativa – a maconha – age no organismo humano, seu alvo de pesquisa há 50 anos. Herdou esse interesse de José Ribeiro do Valle, seu professor de farmacologia na Escola Paulista de Medicina na década de 1950. Desde então tem trabalhado no sentido de desmitificar o conceito de que a maconha é uma droga maldita, sem utilidade.
Nas décadas de 1970 e 1980 liderou no Brasil um grupo de pesquisa publicando mais de 40 trabalhos em revistas científicas internacionais. Esses resultados, juntamente com as investigações de outros grupos internacionais, possibilitaram o desenvolvimento no exterior de medicamentos à base de Cannabis sativa utilizados atualmente em vários países do mundo para tratamento da náusea e dos vômitos causados pela quimioterapia do câncer, para melhorar a caquexia (enfraquecimento extremo) de doentes com HIV e câncer e para aliviar alguns tipos de dores. Para ele, já está mais do que na hora de reconhecer o uso medicinal da maconha no Brasil.

Em maio deste ano haverá um simpósio internacional em São Paulo especialmente para tratar dessa questão. Carlini vê grande preconceito contra a maconha, mas aposta que se os pesquisadores insistirem na direção correta, com o apoio da ciência, essa aprovação será obtida algum dia. É preciso ressaltar que esse médico de 79 anos é contra o uso dessa e de outras drogas para fins recreativos.

Carlini tem uma atuação social que, por vezes, ofusca o cientista. Ele é o criador do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) – um importante fornecedor de informações para a formulação de políticas de educação – e da Sociedade Brasileira de Vigilância de Medicamentos (Sobravime), em 1990. Entre 1995 e 1997 esteve à frente da Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária, órgão predecessor da atual Anvisa, onde enfrentou a espinhosa missão de combater a corrupção no setor. Com sucesso, diga-se. Atualmente está no sétimo mandato como membro do Expert Advisory Panel on Drug Dependence and Alcohol Problems, da Organização Mundial da Saúde (OMS). Tem seis filhos e cinco netos. Em dezembro, entre uma reunião e outra, Carlini deu a entrevista abaixo.

Qual será a proposta do simpósio internacional sobre maconha, que ocorrerá em maio em São Paulo?

Vamos propor que a maconha seja aceita para uso médico no Brasil. Meu avô se formou médico no fim do século XIX e naquela época já usava um livro de 1888, que guardo até hoje, com a receita da maconha para vários males. Era uma terapêutica corrente no mundo todo, inclusive no Brasil. O simpósio internacional terá o título “Uma agência brasileira da Cannabis medicinal?”. A Organização das Nações Unidas (ONU) reconhece que a maconha pode ser medicamento – apesar da proibição da Convenção Única de Entorpecentes, de 1961 – desde que os paí-ses oficializem uma agência especial para Cannabis e derivados nos seus ministérios da Saúde. Já há uns 10 países que fazem esse uso: Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Itália, França, Alemanha, Espanha, Suíça, entre outros. 
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5 comentários:

Unknown disse...

OI Sávio, ainda não dei um paseio grande pelo seu, mas já deu pra ver que é interessante e útil.
Depois volto com calma.
Abração
Maria Célia

Dr. Albee disse...

Oi Sávio,
aqui é o Roberto, do Blog do Albino Incoerente. Gostei de seu blog e vou divulga-lo entre os amigos. Sou seu seguidor tbm!!
Abs

Anônimo disse...

tô na área.
Este médico adoidado deve estar puxando demais.
O que ele deve,ou deveria estar estudando SÃO OS EFEITOS DE COMPONENTES ATIVOS contidos na cannabis e utilizá-los em medicina curativa/preventiva,assim como milhões ou zilhões de outros componentes de origens vegetais.
Colocar e discutir na vitrine a utilização da maconha como se vê pelas esquinas,becos e penitenciárias É CRIME E PATIFARIA.

fui...

A Ficção do Real disse...

Meu caro postador anônimo. A princípio fica a sujestão: Leia a matéria inteira. a opinião do médico é pela legalização da maconha como farmáculo e não pelo uso recreativo.
Sua opinião, embora pouco embasada, é também bem vinda. A casa é aberta a todos e o tema, obviamente, polêmico ( por isso o trouxe para nós)e foi publicado em uma reconhecida e séria revista científica. Merece nosssa atenção.

Anônimo disse...

Olá, muito interessante o seu blog, com temas bem variados e empolgantes.
Achei muito legal o estudo acerca da maconha, assim como o post sobre as curvas femininas agirem como entorpecente ao sexo masculino.
Muito bom!

Beijos!