30/09/2010

Democracia Brasil


Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.  Mas, como fazer com que NOSSOS Representantes Eleitos realmente cumpram a vontade do povo? Eis o grande desafio da Democracia na Modernidade.
                Nos últimos tempos, estamos a presenciar uma verdadeira revolução democrática. Micro-câmeras, gravadores ocultos, escutas telefônicas, repórteres investigativos vasculhando contas públicas, escândalos, mensalão! Sim, a mídia vem ocupando cada vez mais a função de dar olhos ao povo. Quando um funcionário se faz mais dedicado e fiel? Seria quando sabe que o patrão está presente ou quando o sabe ausente? A resposta é óbvia, não é?
                Através da ampliação da presença da mídia na vida política, da ampliação dos meios de comunicação e, principalmente, da internet – não falo apenas da amplitude que lhe é própria, mas das novas ferramentas, como o twitter, que vem multiplicando seu poder, bastando alguns segundos para uma notícia ou idéia ser alavancada ao patamar de primeira página –,  houve por conseqüência a ampliação da presença efetiva, com voz, olhos e ouvidos, do povo na vida política nacional, em tempo real.
                Com isso, por que não propor uma nova forma-ferramenta eficaz o bastante para  deixar claro aos nossos representantes qual é nosso desejo, como povo, em cada assunto por eles votados? Se, ao menos, os pobres parlamentares soubessem a opinião do povo naquele difícil momento de votar ou vetar o aumento para os aposentados... Ou aprovar o reajuste de seus próprios salários... Hum... Mas eles nem imaginam!  
Afinal, por que não instalar em Brasília um placar, onde o povo pudesse votar via internet  em cada matéria que está sendo discutida no congresso. Embora esses votos não tenham valor real, mostrarão a posição da parcela do povo interessada em se manifestar sobre a matéria em questão.
                O que acham? Não seria uma opção para o fortalecimento da Democracia e a real aplicação da representação da vontade do povo?
Por: Sávio Damato

27/09/2010

Busca com Google Earth leva a descoberta de cratera de meteoro


Uma busca realizada com a ferramenta Google Earth levou à descoberta, em um deserto na África, de uma cratera causada por um meteorito, no que está sendo considerado como um dos mais bem preservados locais do gênero já encontrados.
A cratera de Kamil, localizada entre a Líbia, o Egito e o Sudão, tem 45 metros de diâmetro e 16 metros de profundidade.
Ela tinha sido localizada em 2008 pelo mineralogista italiano Vincenzo De Michele, enquanto realizava uma busca por formas naturais usando o Google Earth.
Após a descoberta, De Michele contatou o físico Mario Di Martino, do observatório do Instituto Nacional de Astrofísica, em Turim, que comandou uma expedição ao local em fevereiro deste ano.
Segundo pesquisadores, o buraco foi formado pelo choque de um meteorito ocorrido há não mais de dez mil anos. O corpo celeste, composto de ferro, teria dez toneladas e 1,3 metro de diâmetro, tendo atingido a Terra a uma velocidade superior a 12 mil km/h. Bola de fogo
Os estudiosos afirmam que o impacto do meteorito causou uma bola de fogo e uma coluna de fumaça visíveis a mil quilômetros de distância. Os pesquisadores ficaram surpresos ao descobrir que a cratera passou tando tempo sem ser notada por humanos.
Imagem do Google Earth. Foto: BBC
"A cratera (...) potencialmente tem menos de alguns milhares de anos. O impacto pode até ter sido observado por humanos, e pesquisas arqueológicas em antigos assentamentos próximos (ao local) podem ajudar a determinar a data", disse Luigi Folco, do Museu Nacional da Antártida, em Siena (Itália), em entrevista ao site da Agência Espacial Europeia.
A expedição à cratera de Kamil durou duas semanas e foi formada por 40 pessoas, entre elas cientistas italianos e egípcios. A equipe coletou mais de uma tonelada de fragmentos metálicos, incluindo um pedaço de ferro de 83 kg, que poderia ter se partido do meteorito.
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23/09/2010

Os lagos de Titã não são como os da Terra

Titã, uma lua de Saturno, possui lagos compostos de etano e metano. E, garante um cientista, não são bons para um mergulho no verão



Titã, uma das luas de Saturno, é a única lua do planeta solar com atmosfera, dez vezes mais densa que a atmosfera da Terra. Cinco anos atrás, a missão Cassini–Huygens para Saturno, uma colaboração entre a Agência Espacial Europeia e a NASA, mandou uma sonda através da atmosfera daquela lua, que revelou paisagens que inclui montes, vales e lagos. Seriam estes últimos formados por água? 

Um pesquisador da missão, Akiva Bar-Nun, da Universidade de Tel Aviv, determinou a composição desses lagos. Levando em consideração os componentes químicos da atmosfera de Titã, ele demonstrou que os lagos não são compostos por água, mas por hidrocarbonetos líquidos, como etano e metano, que também são encontrados na Terra em reservas de petróleo e gás. Sua análise aprofundada da composição química da atmosfera de Titã e seus lagos foi publicada recentemente no Journal of Geophysical Research – Planets.

"A atmosfera de Titã é única e não inclui nitrogênio e oxigênio como a da Terra, mas nitrogênio e metano", diz Bar-Nun. A irradiação solar na atmosfera da lua de Saturno produz uma variedade de gases hidrocarbonetos, que são condensados e caem na superfície. Uma vez que atingem a superfície fria de Titã eles liquifazem, transformam-se em chuva e se acumulam em lagos. "Mas você não ia querer dar um mergulho neles nas férias de verão", afirma o cientista, em tom de brincadeira. 

A irradiação solar mais esses hidrocarbonetos na atmosfera produzem minúsculos glóbulos de polímeros, ou aerossóis, que dão a Titã seu famoso brilho laranja. Os processos químicos em Titã são diferentes dos que ocorrem na Terra porque no ar de lá não há vapor de água – por isso seus lagos não têm água. Isso faz desmoronar as alegações frequentes de que Titã poderia ser um laboratório para saber como surgiu a vida na Terra.

REDAÇÃO ÉPOCA

Físicos querem criar geladeira baseada em partículas quânticas

Somente alguns objetos quânticos podem formar a base de uma máquina de refrigeração autossustentada.

imagem meramente ilustrativa

por John Matson


Modelo teórico de uma geladeira é formado apenas por duas ou três partículas quânticas
Podem chamá-lo de “pequeno congelador”. Um grupo de físicos teóricos propôs a estrutura física para o que poderá vir a ser a menor geladeira que se pode imaginar. Para obter o resfriamento cada aparelho seria formado por apenas um bit quântico, ou qubit, e seriam necessárias somente uma ou duas partículas quânticas adicionais para realizar a tarefa.

Os físicos teóricos Noah Linden e Sandu Popescu, juntamente com o aluno de pós-graduação Paul Skrzypczyk, da University of Bristol na Inglaterra, descreveram esse conceito num artigo a ser publicado no Physical Review Letters. Se puder ser implementado, o trabalho poderá ser aplicado no preparo de qubits ─ geralmente átomos simples usados em sistemas de informação quântica ─, desde que inicializados em um estado quântico conhecido.

Em princípio, o modelo é simplesmente uma versão em escala reduzida das geladeiras robustas encontradas na cozinha de praticamente todas as casas do mundo, com um motor qubit para controlar o processo de refrigeração e uma bobina qubit de troca de calor para dissipar o calor retirado do interior da geladeira (qubit a ser resfriado) para o ambiente externo.

Exatamente como no caso dos bits clássicos em dispositivos eletrônicos de uso diário, cada qubit pode ser 0 ou 1, de acordo com o nível de energia representado por cada qubit. (Graças às peculiaridades fundamentais da mecânica quântica, um qubit também pode estar num estado de superposição, existindo simultaneamente como 0 e 1.) Cada qubit requer uma certa quantidade de energia ─ conhecida como espaçamento entre os níveis de energia ─ para passar de 0 para 1. (Um conceito de geladeira ainda menor concentra o motor e a bobina em uma única partícula com três níveis de energia, conhecidos como qutrit).

Na descrição teórica do grupo de Bristol, crucialmente o espaçamento do nível de energia do qubit a ser resfriado e do qubit do motor da geladeira se juntam para criar exatamente o espaçamento do nível de energia da “bobina de troca de calor” da geladeira. Em outras palavras, para excitar (aquecer) o motor e o interior da geladeira é necessária exatamente a mesma energia que para excitar somente a bobina. Devido a essa condição, os dois estados ─ bobina ou motor e interior excitados ─ podem se alternar facilmente, tornando um cenário tão provável quanto o outro, mantendo-se todo o restante igual.

Mas o que acontece se o restante não for igual? Colocar cada um dos qubits em seu próprio ambiente térmico, cada um a uma temperatura diferente, desequilibra o sistema. “Pode ocorrer uma transição para um lado ou para outro, mas pode-se impor um viés à transição, colocando os qubits em diferentes temperaturas”, comenta Popescu. Colocar o qubit do motor num ambiente quente aumenta a probabilidade de que esse qubit permaneça no seu estado excitado. Isso aumenta a probabilidade de que todo o sistema atinja o estado com o motor e o interior da geladeira excitados, que o estado somente com a bobina excitada.

Essa mudança das condições iniciais significa que para transições do sistema entre estados de mesma energia, é mais provável passar o qubit refrigerado de seu estado excitado para o fundamental (frio) que vice-versa. Essa mesma transição faz o qubit da bobina de troca de calor passar de seu estado fundamental para o estado excitado; efetivamente, o sistema transfere energia do qubit refrigerado para o qubit da bobina, que dissipa energia para seu próprio ambiente aquecido.

Embora a proposta se baseie ─ de acordo com a linguagem da física quântica ─, em estados fundamentais e excitados, os pesquisadores acreditam que é absolutamente correto pensar no resultado nos termos “quente” e “frio” da termodinâmica clássica. “Ser mais frio significa ter energia mais baixa”, observa Popescu; porque a geladeira reduz a energia do qubit refrigerado, e a temperatura do qubit também diminui. Uma vez que o qubit de congelamento está a uma temperatura mais baixa que o ambiente, ele deve retirar calor de suas vizinhanças, adverte Liden. “Como sabemos que isso funciona como uma geladeira comum? A geladeira realmente retira calor de seu ambiente aquecido”.

Desde que o ambiente térmico do motor permaneça mais quente que o ambiente morno da bobina o processo se repete de forma autossustentada, diminuindo ainda mais a temperatura do qubit refrigerado. “O problema é que quando você precisa escolher entre dois estados de energia, você desvia o sistema na direção de um deles e é isso que gradualmente resfria o qubit”, observa Popescu. Em princípio, o refrigerador pode resfriar arbitrariamente próximo do zero absoluto.

Alguns pesquisadores já projetaram e até construíram sistemas de refrigeração pequenos como esse, lembra Leonard Schulmam, professor de ciências da computação do California Institute of Technology, mas o que diferencia esse novo trabalho é o fato de ele ser autocontido ─ os qubits não precisam receber instruções de fora do sistema. Segundo Schulmam, “se o ambiente externo mantiver dois ambientes térmicos convenientes, em duas temperaturas diferentes, ele se manterá assim, “cozinhando”, ou melhor, “esfriando” indefinidamente.

Dois físicos que implementaram experimentalmente um congelador de três qubits usando pulsos externos de radiofrequência para induzir o processo de resfriamento acreditam que a nova abordagem é promissora. “É uma ótima ideia teórica”, avalia Osama Moussa, aluno de pós-doutorado do Instituto de Computação Quântica (ICQ) da University of Waterloo. “O sistema tem certo número de parâmetros; basta apenas determiná-los e o sistema evolui por conta própria”.

Tecnicamente falando, pode ser difícil obter um sistema ─ ou construir um ─ com os parâmetros exatos, como os espaçamentos entre os níveis de energia que se compensam perfeitamente, e uma interação entre os três qubits que junte seus níveis de energia. Segundo Raymond Laflamme, físico da Waterloo e diretor do ICQ, “é simplesmente um sistema extremamente raro, que permite obter essa interação de três corpos”. Mas isso não significa que os físicos experimentais se deixarão intimidar pelo desafio publicado nesse novo estudo teórico. “Se você sabe que alguma coisa é possível, fica muito mais fácil ir ao seu encontro”, completa Laflamme.

15/09/2010

O QUARTO DO SONO (ou O JARDINEIRO FIEL)




Mil sonhos de amores perfumam as flores do jardim. Um jardineiro derrama descuidado gotículas sobre pétalas delicadas. O sol é suave, a brisa mansa. O chão fofo e bem cuidado exibe a cor saudável de um rosto bem alimentado. Minhocas gulosas mergulham na terra fofa. Um grilo salta de uma folha a outra. Tudo é calma, suave balanço de harmonia.


Mas eis que tudo começa a mudar. Um grito, um gemido. Um estalido de dor. A figura de um homem de olhos esbugalhados descortina-se na escada. Um homem alto, magro, cabelos ouriçados e olhos a saltarem das órbitas. O homem, parado no limiar da porta, parece exausto. Sua expressão é de assombro. Atrás dele gritos de mulheres a sua procura tecem uma estranha melodia atrófica.

O homem, parado, estende a mão para as flores do jardim. Nem uma palavra escapa de seus lábios. Mas uma voz rouca, um sussurro a muito reprimido, é visto jorrando de seus olhos. O homem se atira de joelhos à terra fofa e agarra a flor roxa recém regada que lhe está mais próxima.

As mulheres chegam à porta. São três. Aparentemente a mãe, uma filha moça e uma mais nova. Todas olham com admiração a cena. Nenhuma delas quer mais gritar. Em seus olhos, espelhos do sofrimento, pode-se ler a história que passou:

Sr. Luis era um jovem médico. Jovem se entregou à vocação. Conheceu dona Ilda quando ainda cursava a faculdade. Donos de uma paixão fulminante, se entregaram ao casamento. Tudo corria bem. Nascera a primeira filha, Luana. Fogos de júbilo ecoaram pela casa inteira. Uma grande festa com muitos convidados percorreu a casa do doutor.

Um dia, porém, a casa amanheceu mais escura. Luana já tinha cinco anos. Médicos da cidade vizinha movimentaram-se na casa do amigo doutor. Ele estava dormindo! Sim, dormindo. Não estava morto. Era um sono suave, nostálgico.

--Tripanossomíase Africana. A doença do sono. E ela pode levar anos. Poderia jamais acordar ou simplesmente acordar amanhã -- disse um Senhor Doutor.

No dia seguinte Ilda estava sentada à beira da cama do marido, na mesma hora que ele sempre acordava. Ela havia preparado um belo café da manhã, o mais lindo que conseguira. Esperava que ele despertasse e arrancasse a todos do pesadelo. Jamais contaria ao marido o ocorrido, seria como se aquilo não acontecera. Mas ele não acordou. No dia seguinte a esse, a cena se repediu. E no outro dia, e no outro, e em mais outro, até que os anos passassem. As meninas acostumaram a ir ao quarto do sono se despedir para a escola. A mãe sempre estava lá, e esperava. Os anos passaram e um dia, quando a esperança já estava de malas prontas para partir, quando Ilda não podia mais contar o número de fios sem cor de sua cabeça, ele acordou.

Nesse dia, que começou com os gritos das mulheres e o jardineiro a regar o jardim, houve uma grande festa. Outra vez toda a cidade desfilou na casa do Doutor. O Jardineiro foi o único a não comparecer. Como em um despertar rotineiro, o doutor contou o infinito de sonhos e pesadelos por que passou. Os médicos, na sala, riam das histórias e diziam querer pesquisar. A mulher olhava calada, abraçada à filha mais nova, três aninhos apenas. Luana, a mais velha, já tinha 15. Dez anos havia se passado.
Naquela noite, todos foram dormir tarde e, quase sem acreditar, Ilda foi ao quarto do sono desejar boa noite ao marido desperto. Não dormiriam juntos naquela noite, ainda havia muito por conversar. Ele dormiu. Pela manhã a casa cheirava a café. Ilda foi acordá-lo. Ele ainda dormia. O Doutor nunca mais voltou a acordar. Dormiu nos anos que alcançaram o casamento da filha, a morte dos amigos, do jardineiro e da mulher também. Dizem que, pouco antes de seu suspiro final, seus olhos se abriram e deram com o da menina mais nova, agora bem mais velha. Era quem cuidava dele, a filha do jardineiro. Ninguém nunca soube o que disseram...



AUTOR: Sávio Damato

13/09/2010

Tabu da virgindade feminina veio com a agricultura, diz cientista

 por: RICARDO MIOTO

 Foi há 10 mil anos que o hímen se tornou importante.
Essa é a conclusão de Peter Stearns, grande especialista em história sexual da Universidade George Mason (EUA).
Seu livro "História da Sexualidade", recém-lançado no Brasil pela editora Contexto, compara a vida típica de tribos nômades que vivem de caça e coleta com a das primeiras sociedades humanas pós-agricultura.
É inevitável, diz, perguntar: por que, de repente, a sexualidade feminina passou a ser vigiada e elas muitas vezes perderam até a chance de escolher seus parceiros?
Era diferente entre quem não plantava. "Grupos caçadores-coletores tinham fascínio pela sexualidade. A bissexualidade era comum."
Houve a mudança porque, com a possibilidade de acumular patrimônio (caçadores não juntam excedente nem terras), filhas viraram moeda de troca entre famílias. Surgiu a herança e o dote.
Com a residência fixa e as famílias agrupadas, ficou fácil, especialmente para pais, supervisionar os outros.
Era importante zelar para que as filhas não engravidassem de gente indesejada -e para que os filhos também não engravidassem qualquer uma, mas sem testes de DNA esse problema era menor.
AMOR SÉRIO
Ainda que restritivas, civilizações antigas tratavam de sexo com naturalidade. Um mito egípcio dizia que o deus Atum se masturbava na água e acabou ejaculando o Nilo.
Isso prosseguiu com as sociedades clássicas. A Grécia foi muito tolerante com homossexuais. Rapazes eram "tutorados" por homens mais velhos na sexualidade.
"Platão disse ser mais provável que o amor sério surgisse entre homens, pois podia envolver uma mistura de sexo e interessante conversação intelectual", diz Stearns.
Isso mostra que mulheres ainda eram reprimidas -ainda que os romanos valorizassem seu prazer, por exemplo.
Com a ascensão do cristianismo, porém, a maneira de lidar com o sexo endureceu. Na Idade Média, as cidades diminuem -e, em geral, quanto mais urbano um povo, mais liberal sexualmente.
Se religiões clássicas contavam aventuras sexuais dos deuses, Jesus nasceu de uma virgem. O sexo se aproxima do pecado. A homossexualidade cai na clandestinidade.
CIDADES PROMÍSCUAS
Com a Idade Média acabando, aos poucos as cidades voltaram a crescer. A industrialização, a partir do século 18, acelerou o processo.
Com o trabalho urbano, herdar terras deixa de ser vital. "Se o pai não podia assegurar herança, havia menos motivos para que os filhos aceitassem plenamente sua autoridade", diz Stearns. O anonimato das cidade grandes também oferece menor controle sobre a vida alheia.
Países da Europa, EUA e Brasil só viraram majoritariamente urbanos no século 20. O sexo acompanhou e dominou a cultura, seja em Hollywood ou nas revistas, e a virgindade perdeu espaço.
A homossexualidade passou a ser vista com mais naturalidade, e países como a Espanha legalizaram o casamento gay recentemente.
Com métodos anticoncepcionais eficientes, o sexo pelo prazer disparou. As mulheres no mercado de trabalho se tornam menos dependentes das ordens paternas.
É um processo que ainda está acontecendo. Ainda hoje, por exemplo, metade do mundo vive em áreas rurais.
"Não sabemos se o mundo todo vai se industrializar. É difícil dizer que o padrão moderno de sexualidade triunfará, apesar de ser tentador dizer que no futuro teremos ainda mais aceitação do sexo pelo prazer", diz Stearns. 
 
 FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/797623-tabu-da-virgindade-feminina-veio-com-a-agricultura-diz-cientista.shtml

08/09/2010

Stephen Hawking descarta papel de Deus na criação do Universo

O cientista britânico Stephen Hawking afirma em seu novo livro, ainda inédito, que a física moderna descarta a participação de Deus na origem do Universo e diz que aparentemente o Big Bang foi uma consequência natural das leis da física.
Em The Great Design ("O Grande Projeto", em tradução livre), que teve trechos publicados nesta quinta-feira pelo jornal britânico The Times, Hawking afirma que "a criação espontânea é a razão pela qual existe algo em vez de nada".
O cientista cita a descoberta de um planeta orbitando uma estrela que não o Sol, ocorrida em 1992, como algo que faz as condições planetárias terrestres - como a relação entre a massa solar e a distância para o Sol, por exemplo - parecerem provas "muito menos convincentes de que a Terra foi cuidadosamente projetada somente para agradar a nós, seres humanos".
"Devido à existência de uma lei como a da gravidade, o Universo pode e vai criar a si mesmo do nada", afirma o físico no livro.
"A criação espontânea é a razão pela qual existe algo em vez de nada, do porquê o Universo existe, do porquê nós existimos", diz Hawking.
The Great Design foi escrito em parceria com o físico norte-americano Leonard Mlodinow e tem lançamento previsto para o próximo dia 9.
Mudança
Os trechos indicam uma aparente mudança de opinião em relação a uma das obras mais conhecidas de Hawking.
Em seu livro Uma Breve História do Tempo, publicado em 1988, o cientista sugeria que a ideia de uma criação divina seria compatível com uma compreensão científica do Universo.
"Se nós descobrirmos uma teoria completa, será o triunfo definitivo da razão humana - pois então nós deveremos conhecer a mente de Deus", escreveu então o cientista.
Uma Breve História do Tempo teve mais de 9 milhões de cópias vendidas em todo o mundo.
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07/09/2010

Pesquisa tenta explicar por que acúmulo de lixo do oceano não cresce

Hipóteses: o plástico pode se partir em pedaços muito pequenos para ser coletados pelas redes, indo para baixo da superfície, ou está sendo consumido por organismos marinhos

Pesquisadores têm visitado locais no Oceano Atlântico Norte ocidental e no Mar do Caribe por mais de duas décadas para melhor entender os grandes acúmulos de plástico que se formaram por lá. Apesar de o mistério acerca de como exatamente o plástico chega a esses locais, de onde vem e que impacto tem na vida marinha ainda permanecer sem resposta, um grupo de cientistas publicou o que talvez seja o estudo mais analítico dos trechos até hoje, baseado em dados coletados por navios de pesquisa durante um período de 22 anos, entre 1986 e 2008.

Os pesquisadores da Associação de Educação Marinha (SEA, em inglês), do Instituto Oceanográfico Woods Hole (WHOI) e da University of Hawaii (UH) descobriram, dentre outras coisas, que a quantidade de plástico coletada pelas redes dos pesquisadores permaneceu bastante estável no decorrer dos anos apesar da elevada produção e consumo de plástico da sociedade, de acordo com uma pesquisa publicada em Science Express

Mais de 64 mil pedaços de plástico foram coletados em 6,1 mil locais que forneceram amostras durante o período que compreende o estudo. Para obter esses dados, os navios carregavam redes ao longo da superfície da água em cada local e os pesquisadores usavam pinças para separar os pequenos pedaços de plástico de algas e de outros materiais coletados. Mais de 60% do plâncton de superfície que as redes coletaram tinha pedaços de plástico com alguns milímetros de tamanho. As maiores concentrações de plástico foram observadas em uma região localizada mais ou menos na latitude de Atlanta.

Combinando suas medidas com um modelo computadorizado da circulação oceânica, os pesquisadores relataram que essa concentração de plástico ocorreu em uma área onde as correntes da superfície convergem, carregadas pelo vento. Os pesquisadores acreditam que isso ajuda a explicar por que os detritos se acumulam nessa região em particular, tão longe do continente. Os autores propõem um punhado de explicações possíveis para o porquê do acúmulo não ter crescido rapidamente desde sua descoberta. O plástico pode se partir em pedaços muito pequenos para serem coletados pelas redes, indo para baixo da superfície, ou está sendo consumido por organismos marinhos. Mais pesquisas serão necessárias para determinar a probabilidade de cada situação, concluem os pesquisadores.

Várias expedições lançadas no final do ano passado indicam que o Oceano Pacífico também é afetado da mesma forma por grandes ilhas de lixo flutuante. O acúmulo de plástico que compõe a Grande Sopa de Lixo do Pacífico se tornou um petisco popular entre os albatrozes-de-Laysan (Phoebastria immutabilis) do local, relatou uma equipe de pesquisadores da University of Hawaii em outubro de 2009. Os pesquisadores descobriram que colônias de pássaros que vivem perto de dois acúmulos de lixo diferentes estavam comendo isqueiros, linhas de pesca e abridores de ostras provavelmente jogados no mar por membros da indústria pesqueira, além de dejetos mais comuns. De acordo com os pesquisadores, um filhote de ave do Atol Kure encontrado morto tinha 306 pedaços de plástico em seu interior.

O Projeto Kaisei – uma equipe de cientistas, marinheiros, jornalistas e oficiais do governo, financiados em parte por companhias de reciclagem internacionais – também visitou a Grande Sopa de Lixo do Pacífico no ano passado. As tripulações do Kaisei e de um segundo barco (o New Horizon, que partiu do Instituto de Oceanografia Scripps, de San Diego) observaram como o plástico em decomposição durante as últimas décadas se misturou com fitoplâncton e zooplâncton e investigaram se as técnicas envolvendo redes poderiam ser usadas para limpá-los. Esses pesquisadores observaram outra razão para que um acúmulo de plástico não pareça crescer no decorrer do tempo: muito dele está concentrado em uma mistura, uma espécie de sopa, que tende a se mover conforme as correntes oceânicas e tempestades produzem alterações e ventos durante um dado ano. 

Uma equipe de pesquisadores da Fundação Algalita para a Pesquisa Marinha, em Long Beach, Califórnia, voltou da própria viagem de dois meses para estudar o acúmulo de lixo, em agosto passado, humilhada e desanimada pelo que viu. O cinegrafista do projeto, Drew Wheeler, concluiu: “Precisamos impedir que isso piore pela redução ou eliminação do uso de plástico não biodegradável em produtos descartáveis e na empacotação de produtos. Se a taxa cada vez maior de plástico no oceano não mudar, então eu não vejo como poderemos evitar mudanças catastróficas na saúde de nosso ecossistema marinho e, portanto, na própria vida humana.”

por Larry Greenemeier

05/09/2010

Técnica turbina desempenho mental com corrente elétrica




LUCIANO GRÜDTNER BURATTO

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O botão gira, a eletricidade corre. Gotas de um líquido salgado deslizam pelo pescoço. No começo, cócegas na cabeça. Em seguida, foco nos testes psicológicos. É o início de um experimento de estimulação cerebral por corrente elétrica contínua.
A técnica é capaz de melhorar o desempenho de pessoas saudáveis em tarefas cognitivas --envolvendo memória, tomada de decisões ou coordenação motora, por exemplo-- e pode facilitar a recuperação de vítimas de derrame ou depressão.
Montar um estimulador cerebral é simples e barato: basta obter um gerador de eletricidade movido a bateria (9 volts), ligar dois eletrodos aos polos positivo e negativo do gerador, fixar a outra ponta dos eletrodos a esponjas embebidas em solução salina e o kit está pronto.
Ao ligar o equipamento, parte da corrente é perdida, porque se desloca do eletrodo negativo ao positivo via pele, seguindo a rota de menor resistência elétrica.
Outra parte da corrente, porém, consegue atravessar o cérebro, modificando a atividade mental no seu caminho, principalmente nas áreas mais superficiais.

MEMÓRIA E AUTISMO
Conhecida como tDCS ("estimulação transcranial por corrente contínua", na sigla em inglês), a técnica foi recentemente utilizada em um teste de memória visual em que participantes precisavam distinguir entre imagens estudadas anteriormente e imagens não estudadas.
As não estudadas eram muito semelhantes às estudadas, o que gerava erros no teste, pois os participantes diziam que as tinham visto.
Os eletrodos-esponja foram fixados na parte da frente das têmporas nos dois lados da cabeça. Quando o lado esquerdo era estimulado e o direito inibido, a performance não diferia da condição controle (sem corrente).
Mas quando a polaridade era invertida (lado esquerdo inibido e direito estimulado), os resultados mostraram um expressivo aumento na proporção de respostas corretas.
Mais importante, a inibição do lado esquerdo fez com que os voluntários lembrassem melhor os detalhes das figuras, rejeitando as que se pareciam com as originais.
"É como se tivéssemos simulado um comportamento autista", afirma o brasileiro Felipe Fregni, neurocientista da Escola de Medicina de Harvard e coautor do estudo, aceito para publicação na revista "Brain Research".
Como as imagens semelhantes eram muito parecidas com as estudadas, a maioria das pessoas diz que as viu. Autistas, no entanto, apresentam um deficit nessa capacidade de generalização. "Em vez de categorizar informações, eles as mantêm separadas. Isso faz com que tenham uma capacidade de memorização mais literal."
O tDCS também revelou ser possível reduzir o apetite por risco em pessoas normais durante tomadas de decisão.

AVERSÃO A RISCO
Pesquisa liderada por Paulo Boggio, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, mostrou que indivíduos que normalmente escolheriam uma oferta de alto ganho com baixa probabilidade em um jogo de cartas passaram a preferir uma oferta de baixo ganho com alta probabilidade após uma sessão de tDCS, com eletrodos colocados na parte frontal e lateral da cabeça.
O estudo, publicado em 2007 no prestigiado periódico "Journal of Neuroscience", também mostrou que o comportamento mais conservador resultou em maiores ganhos no final do jogo.
"A abordagem poderia ser usada no tratamento de doenças que envolvem deficits na tomada de decisões ou na interpretação de recompensas, como no jogo patológico ou na anorexia nervosa", afirma Boggio.
DEPRESSÃO
A estimulação elétrica cerebral já está sendo aplicada, de forma experimental, no tratamento de depressão.
O psiquiatra André Brunoni, do Hospital Universitário da USP, está conduzindo uma pesquisa em que pacientes com depressão grave ou com baixa resposta a antidepressivos são submetidos a uma sessão diária de 30 minutos de tDCS durante dez dias consecutivos.
"A estimulação diária por uma ou mais semanas pode induzir mudanças de longo prazo na atividade cerebral", explica Brunoni. "Estamos estudando se a combinação de tDCS com o antidepressivo sertralina é mais eficaz que tDCS ou sertralina usados separadamente."
O estudo, financiado pela Fapesp (agência de fomento paulista), comecou em março e continua em andamento. Interessados em participar podem entrar em contato pelo e-mailpesquisacientificahu@gmail.com.